Comida ficou mais cara no governo Bolsonaro do que no de Lula, mostram dados

Boné usado por bolsonaristas em resposta a aliados de Lula

Na segunda-feira (3) deputados bolsonaristas usaram bonés com a inscrição “Comida barata novamente, Bolsonaro 2026” durante a abertura do ano legislativo, em resposta a ministros e aliados do governo Lula, que exibiram bonés com o slogan “O Brasil é dos brasileiros”.

A provocação tentava sugerir que os alimentos ficaram mais caros na atual gestão. No entanto, os dados mostram o contrário: o governo Bolsonaro registrou aumentos muito mais expressivos nos preços dos alimentos e combustíveis,.

Governo Bolsonaro (2019-2022): explosão dos preços dos alimentos e combustíveis

Durante o governo Bolsonaro, o Brasil viveu uma disparada no preço dos alimentos, levando milhões de brasileiros a recorrerem a ossos e pelancas para compor suas refeições. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), entre 2019 e setembro de 2022, os alimentos tiveram uma alta média de 62% em Curitiba, mais que o dobro da inflação do período, que foi de 26,6%. Produtos essenciais sofreram aumentos significativos:

  • Leite: 91,53%
  • Carne: 81,9%
  • Feijão: 55,7%
  • Arroz: 53,15%

Além dos alimentos, os combustíveis também registraram altas expressivas, especialmente o gás de cozinha, que subiu mais de 119% entre 2019 e 2022.

A principal razão para esse aumento foi a política de preços da Petrobras, baseada na paridade internacional do petróleo. Como resultado, os reajustes foram constantes e elevados.

Para tentar conter o impacto, Bolsonaro reduziu impostos estaduais sobre gasolina, diesel e gás de cozinha. A medida gerou uma queda temporária nos preços, mas comprometeu a arrecadação dos estados, afetando áreas como saúde, educação e programas sociais.

Gráfico mostra que inflação da alimentação no domicílio foi muito maior na gestão de Bolsonaro

Governo Lula (2023-2026): alinhamento com tendências globais e influência cambial

No início do governo Lula, os preços dos alimentos continuaram subindo, mas de forma mais controlada e alinhada às tendências globais. Em 2024, o grupo “Alimentação e Bebidas” registrou alta de 7,69%, reflexo de fatores externos como mudanças climáticas, quebras de safra e flutuações no mercado internacional.

Outro fator que influenciou os preços foi a taxa de câmbio. A desvalorização do real frente ao dólar encareceu insumos agrícolas importados e incentivou exportações, reduzindo a oferta interna de produtos. O governo Lula reconheceu essa pressão e adotou medidas para estabilizar o setor, como incentivos à produção e controle de tarifas de importação.

Ao comparar os dois períodos, percebe-se que, no governo Bolsonaro, os preços dos alimentos e combustíveis subiram muito acima da inflação geral, enquanto no governo Lula, a alta seguiu um padrão mais próximo do cenário global.

Como os governos atuaram e quais foram os impactos

Ambos os governos adotaram estratégias para lidar com o aumento dos preços. Bolsonaro apostou em isenções fiscais temporárias, beneficiando principalmente grandes produtores e importadores, mas comprometendo a arrecadação dos estados. Além disso, sua política manteve os lucros dos acionistas da Petrobras intactos, sem alterar a lógica da paridade internacional.

Já Lula investiu na produção interna e na revisão da política de preços da Petrobras, buscando conter a inflação sem prejudicar a arrecadação estadual. Também adotou políticas para reduzir o impacto da alta do dólar nos preços dos alimentos.

Os dados deixam claro que o discurso bolsonarista sobre “comida barata” não se sustenta. A explosão de preços durante o governo Bolsonaro foi muito mais intensa do que no atual governo, tornando o custo de vida da população ainda mais pesado.

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