“Brasil pode se tornar o fornecedor mais confiável do mundo”, diz Mendonça de Barros

O Brasil tem oportunidade de se tornar o fornecedor mais confiável do mundo, conforme avançam tarifas de Donald Trump, presidente dos EUA, sobre países como China. Essa é a visão que Alexandre Mendonça de Barros, professor e presidente do Conselho Gestor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) tem do contexto geopolítico atual. O diretor institucional da XP Inc., Rafael Furlanetti, conversou com o professor Mendonça na conferência Agro da XP.

A intensificação da guerra comercial entre China e EUA poderia abrir oportunidades para algumas culturas brasileiras, como algodão, soja, milho e carnes. Há também produtos tropicais, como café e frutas, que seguirão com boas perspectivas para produtores brasileiros.

“Se nos posicionarmos bem, temos a oportunidade de ser o fornecedor mais confiável do mundo hoje nesses produtos”, destaca. “Quanto maior volatilidade tiver nessas tarifas, mais os países vão querer trabalhar com níveis de estoque um pouco mais alto”, afirma.

Em sua visão, para produtos como o cloreto de potássio (que, nos EUA, é 80% importado do Canadá) farão com que produtores ou paguem mais caro ou passaram a trazer de outros países. No caso de fertilizantes, por exemplo, esses países seriam Rússia e Bielorussia. “Ninguém sabe a intensidade e a volatilidade dessas tarifas, mas, a minha impressão é que criarão um monte de ruídos no mercado”, diz o professor.

Como fica mercado de carnes nos EUA?

Além disso, o professor cita o acordo de carnes entre México e EUA. Com a dificuldade do comércio entre os países, toda a cadeia mundial poderia ser afetada. Mendonça de Barros também comentou algumas particulares do momento atual da pecuária nos EUA, como o crescente abate de fêmeas, mesmo com alta do preço do bezerro. O fenômeno pode ser explicado por alguns fatores, como a seca grande e a mudança geracional entre pecuaristas no país.

“A nova geração do pecuarista americano não quer ser pecuarista”, comenta Furlanetti. Para Mendonça, a principal discussão nesse tema é: como conseguir fazer com que as plantas de abate dos EUA sigam competitivas se houver redução da mão de obra. O professor destaca que, por esse fato, quem tem cuidado de rebanhos tem sido imigrantes, em especial em um contexto de salários mais altos e menor taxa de desemprego.

“Esse conjunto de explicações geram oportunidade para o Brasil para exportar mais carnes, com preços muitos altos. Estou vendo com muito otimismo a exportação da carne brasileira, com preços médios muito altos. Vejo também uma safra muito boa de soja”, afirma Mendonça.

Perspectivas para safra no Brasil

A situação é vista de forma positiva. “A safra do Cerrado será enorme”, afirma o professor. A ressalva seria para o Rio Grande do Sul, que enfrentou seca maior que o esperado no período. Na maior parte do território, no entanto, a produtividade estaria mais alta e os custos menores.

Mendonça considera que os números atuais são impressionantes e demonstram o forte potencial da produtividade brasileira, se houver chuva. “Ano passado, não choveu bem, mas esse ano está sendo perfeito. Na hora que o ambiente contribui, a tecnologia está lá para esboçar toda sua produtividade. E é o que está acontecendo este ano”, diz.

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