Trump é um negociante e usa a pressão e o blefe como arma, diz cientista político

Antes mesmo de assumir a presidência dos Estados Unidos o presidente Donald Trump gera controvérsia com seus projetos polêmicos, como varrer os imigrantes e seus filhos de seu país e sobretaxar importações de países parceiros para alavancar a economia norte-americana.

A última declaração do presidente Trump, deixou o mundo atônito: a promessa de que os Estados Unidos assumiria o controle da Faixa de Gaza, na Cisjordânia e a realocação dos palestinos para outros países, ideia prontamente rechaçada pela maioria dos líderes mundiais.

Segundo o cientista político, Antonio Celso Baeta Minhoto, professor da Fundação Santo André e da USCS, a pressão e o blefe são armas recorrentes usadas por Trump, que é um sujeito vindo do mundo dos negócios e da mídia. “O impacto midiático é algo que sempre entra no cálculo do Trump. Veja o caso das tarifas com México e Canadá. Fez uma ameaça de algo que parecia sério e grave, e depois recuou”, disse.

Minhoto não acredita que Trump tenha ou já teve algum interesse em se envolver no conflito da Faixa de Gaza. “Os israelenses já fizeram isso no passado e acabaram saindo de lá voluntariamente. Aliás, os israelenses impõem um bloqueio à Gaza que já dura 16 anos e isso não impediu o crescimento do Hamas, além de múltiplas ações terroristas contra os judeus”, esclareceu. Segundo ele, Trump parece ter agido muito mais no “sentido de gerar uma movimentação do lado palestino, tirá-los da inércia ou da passividade.”

E um dos principais problemas seria os custos colossais do projeto apresentado pelo presidente. “Gaza não é um parque que pode ser fechado, ampliado, reduzido. É parte de um país, junto com a Cisjordânia. Trump, óbvio, sabe bem disso e dificilmente vai assumir esse imbróglio como um projeto seu.”

O professor lembrou que Gaza já foi ocupada em várias ocasiões, mas em nenhuma dessas ocupações a proposta era praticamente expulsar a população local. “Nem a Alemanha nazista, dividida em duas partes ao final da Segunda Guerra, passou por algo assim”.  Levar isso adiante, segundo ele, aumentaria ainda mais o sentimento antiamericano que já predomina em todo o Oriente Médio.

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