Construtoras devem enfrentar ano difícil, mas 3 ações do setor podem se destacar

Pessoa em frente a prédio em construção no Rio de Janeiro (REUTERS/Pilar Olivares)

O setor de construção civil se prepara para um ano mais complicado, com projeções do Santander indicando um ritmo mais lento para o mercado imobiliário. Em relatório enviado aos investidores nesta quinta-feira (6), os analistas do banco apontam que as construtoras terão que lidar com taxas de juros ainda elevadas, restrições de crédito e um mercado consumidor mais cauteloso.

Apesar disso, os estrategistas projetam que algumas empresas estão mais bem posicionadas para manter o crescimento e garantir bons resultados para seus acionistas.

A alta dos juros nos últimos anos, segundo dados copilados pelo banco, já impactou o financiamento imobiliário e deve continuar pesando sobre a demanda por novos empreendimentos. Embora o mercado aposte em cortes na taxa Selic ao longo de 2025, os estrategistas afirmam que o patamar de juros ainda será elevado, o que torna o crédito mais caro tanto para empresas quanto para consumidores.

Outro ponto crítico: o encarecimento do crédito pode reduzir o volume de lançamentos, especialmente no segmento de médio e alto padrão, onde os compradores dependem mais do financiamento bancário. Já o programa Minha Casa, Minha Vida, conforme o Santander, deve continuar sustentando o setor de baixa renda, mas com margens apertadas para as empresas que atuam nesse nicho.

O banco diz ainda que o aumento nos custos operacionais não deve ser negligenciado. Isso porque o setor já enfrenta inflação nos materiais de construção e maiores exigências regulatórias, o que pode comprimir as margens das construtoras que não conseguirem repassar esses custos ao consumidor.

O Santander destacou a Cyrela (CYRE3) como a sua nova principal escolha entre as construtoras brasileiras.

“Apesar de todas as preocupações justificadas associadas a uma desaceleração no mercado imobiliário de renda média/alta, agora estamos apresentando a Cyrela como nossa principal escolha, pois acreditamos que os níveis de avaliação atuais já incorporam uma grande desaceleração em suas operações, apesar de um sólido momento de ganhos — com CAGR (taxa de crescimento anual composto) de lucro por ação entre 2024-2027 de 11%, juntamente com potencial para expansão do ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) para cerca de 19% em 2025 (versus 17,5% nos últimos 12 meses)”, avalia a equipe de análise.

As ações da Direcional (DIRR3) e da Cury (CURY3) são as preferidas entre construtoras de baixa renda.

“Embora reconheçamos o prêmio de avaliação que a Direcional e a Cury negociam em relação aos pares em termos de múltiplos de negociação, continuamos a preferir ambas as empresas no espaço de baixa renda, refletindo uma combinação de: (i) avaliação atrativa (em uma base absoluta); (ii) rendimento de dividendos mais forte; (iii) liquidez de ações acima da média; e (iv) balanços sólidos”, avaliam os analistas.

Entre MRV (MRVE3), Tenda (TEND3) e Plano & Plano (PLPL3), o banco mantém PLPL3 nas preferências levando em conta forte rendimento de dividendos e balanços.

Enquanto isso, os analistas esperam que tanto a MRV quanto a Tenda permaneçam no caminho da recuperação da lucratividade durante 2025, mas ainda veem algum nível de riscos de queda para estimativas de consenso em ambos os nomes, refletindo: (i) níveis elevados de dívida e o processo de reestruturação da Resia (no caso da MRV); e (ii) estimativas de consenso otimistas para a Alea (no caso da Tenda).

Além disso, embora reconheçam algum risco para os lançamentos de 2025 da Plano&Plano em uma parcela maior de projetos de renda média em seu cronograma de enregras, a preferência pela empresa (versus MRV e Tenda) está principalmente associada a: (i) balanço patrimonial forte; e (ii) rendimento de dividendos sólido esperados para 2025 de 10,2%.

O banco, por sua vez, rebaixou Even (EVEN3) e JHSF (JHSF3) de compra para neutro, mantendo recomendação equivalente à compra em Moura Dubeux (MDNE3). Os rebaixamentos ocorreram principalmente com base em: (i) potencial de alta limitado para o preço-alvo; (ii) balanços patrimoniais relativamente alavancados, em meio a uma taxa Selic mais alta; e (iii) riscos de um acúmulo de estoque mais rápido do que o esperado (no caso da Even), após vendas moderadas do projeto residencial Faena e concentração de lançamentos em 2025.

Já para MDNE3, a recomendação de compra ocorre com base em uma avaliação atrativa, juntamente com um cenário competitivo saudável na região Nordeste.

Por fim, o banco é neutro para EzTec (EZTC3), refletindo um ambiente incerto para lançamentos e seu momento de lucros e ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) mais fracos em relação à Cyrela.

Confira as recomendações do Santander para as construtoras:

Empresa Novo Preço-Alvo Preço-Alvo Anterior Nova Recomendação Recomendação Anterior
Cyrela R$ 36,00 R$ 33,00 Compra Compra
Cury R$ 32,50 R$ 32,00 Compra Compra
Direcional R$ 37,00 R$ 36,50 Compra Compra
Plano&Plano R$ 19,00 R$ 15,50 Compra Compra
Moura Dubeux R$ 18,50 R$ 18,00 Compra Compra
Tenda R$ 20,50 R$ 19,50 Compra Compra
MRV R$ 10,00 R$ 12,50 Compra Compra
Eztec R$ 14,00 R$ 14,00 Neutra Neutra
JHSF R$ 4,20 R$ 6,00 Neutra Compra
Even R$ 6,50 R$ 9,50 Neutra Compra
Tecnisa R$ 1,50 R$ 3,50 Venda Venda

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