UE promete represálias após aumento de 25% nas taxas sobre aço e alumínio anunciado por Trump

Trump anuncia tarifas de 25% sobre alumínio e aço importados pelos EUA a partir de segunda REUTERS – Lee Jae Won

Por Loubna Anaki, em RFI

“A UE não vê motivos para a imposição de tarifas sobre suas exportações. Protegeremos os interesses das empresas, funcionários e consumidores europeus contra medidas injustificadas”, diz o comunicado.

“Quando se trata de defender nossos interesses, não hesitamos”, declarou mais cedo o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, em entrevista ao canal de TV TF1. Ele não deu detalhes sobre as medidas de retaliação previstas pela UE, mas “garantiu” aos países membros que o bloco acionaria os mecanismos que permitem adotá-las “o mais rápido possível”.

O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu aos europeus que estejam “prontos” para responder à possível aplicação de tarifas por Trump, durante uma entrevista transmitida no domingo pelo canal americano CNN, gravada na quinta-feira. “Acho que temos que estar prontos para reagir. Mas acho que, mais do que isso, a UE deve estar pronta para defender o que quer e precisa”, afirmou Macron.

“Observando a situação, minha primeira pergunta para os Estados Unidos é: qual é o seu primeiro problema? É a UE? Não acho que seja. Seu primeiro problema é a China”, disse o presidente francês, lembrando que a UE era “aliada” dos Estados Unidos.

“Se você quer que a Europa invista mais e se envolva em segurança e defesa, acho que é do interesse dos Estados Unidos não atacar a Europa e não ameaçá-la com tarifas”, acrescentou o presidente francês. Ele também alertou para as consequências das medidas para os americanos. “Se você impor tarifas a vários setores, isso levará a um aumento dos preços e criará inflação nos Estados Unidos”, detalhou.

O presidente dos EUA critica há muito tempo as tarifas de 10% cobradas pela União Europeia sobre as importações de veículos americanos e os Estados Unidos impõem um imposto de 2,5% sobre os veículos importados da UE.

Durante seu primeiro mandato, entre janeiro de 2017 e janeiro de 2021, Trump já havia introduzido tarifas de 25% sobre as importações de aço e 10% sobre as importações de alumínio, antes de conceder isenções, com base em cotas, a vários parceiros comerciais, incluindo Canadá, México e Brasil.

Tarifa sobre produtos chineses entrará em vigor

O presidente americano fez o anúncio neste domingo a bordo do voo para Nova Orleans, onde assistiu à final do Super Bowl. “Todo o aço que chegar aos Estados Unidos terá 25% de tarifas”, declarou. Trump já tinha dado a entender que a União Europeia deveria ser afetada em breve por tarifas alfandegárias. “A UE nos tratou muito mal”, declarou à imprensa no final de janeiro.

O republicano acrescentou que as mesmas tarifas serão aplicadas para as importações de alumínio. O presidente americano também disse que vai anunciar na “terça ou quarta-feira” a “taxação recíproca” de impostos alfandegários de produtos que entram nos Estados Unidos, que serão taxados da mesma forma que os itens americanos no exterior.

“Se somos taxados com 130%, isso não pode continuar assim”, frisou. “Isso não afetará todos os países, já que alguns nos impõem as mesmas tarifas. Mas, para aqueles que se beneficiam dos Estados Unidos, vamos devolver o ‘favor’”, alfinetou. A partir de terça-feira, por exemplo, os produtos da China terão uma taxa adicional de 10%. Pequim respondeu adotando tarifas específicas sobre certos produtos americanos a partir de 10 de fevereiro.

De acordo com dados do governo e da federação da indústria americanoos, a maioria das importações de aço dos EUA vem do Canadá, Brasil e México, seguidos pela Coreia do Sul e o Vietnã. O Canadá também é, de longe, o maior fornecedor de alumínio para os Estados Unidos.

Canadá reage ao anúncio

Uma fonte do governo em Ottawa disse na noite deste domingo que o Canadá não reagiria ao anúncio de Trump até que tivesse mais informações ou um decreto do presidente dos EUA.

O ministro da Inovação do Canadá disse que “o aço e o alumínio canadenses apoiam setores essenciais nos Estados Unidos, que incluem defesa, construção naval e automotivo, que “fortalecem a competitividade e a segurança norte-americanas.” “Continuaremos a defender o Canadá, nossos trabalhadores e nossas indústrias”, acrescentou François-Philippe Champagne na rede social X.

Em entrevista à Fox News, Trump disse que não estava satisfeito com as medidas tomadas até agora pelo Canadá e pelo México para impedir o fluxo de drogas e migrantes ilegais para os Estados Unidos – uma das condições estabelecidas para que seus dois vizinhos evitem a entrada em vigor das tarifas em 1º de março.

O presidente dos EUA concedeu a Ottawa e à Cidade do México, no início do mês, um adiamento de última hora depois de assinar uma ordem executiva que prevê tarifas de até 25% sobre seus produtos.

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