Fala de Múcio será usada a favor de Bolsonaro no inquérito do golpe; entenda

José Múcio, ministro da Defesa, em entrevista ao “Roda Viva”. Foto: reprodução

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e integrantes de seu núcleo jurídico comemoraram as declarações do ministro da Defesa, José Múcio, durante entrevista ao programa “Roda Viva” na última segunda-feira (10). Múcio afirmou que recorreu a Bolsonaro em dezembro de 2022 para intermediar uma transição tranquila de governo, já que os comandantes das Forças Armadas se recusavam a recebê-lo.

Durante a entrevista, Múcio classificou os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram prédios públicos em Brasília, como um “golpe”, mas ponderou que apenas a Justiça poderá definir se houve uma tentativa real de derrubar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As falas do ministro estão sendo usadas pela defesa e eleitores de Bolsonaro no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022.

Durante a entrevista, o nome de Múcio ficou entre os assuntos mais comentados nas redes sociais com políticos de extrema-direita o exaltando. “Parabéns, Múcio. O Brasil quer liberdade e pacificação”, escreveu o blogueiro bolsonarista Kim Paim.

Ele também destacou a necessidade de diferenciar os responsáveis pela organização dos atos daqueles que participaram de forma menos ativa. “Deveria ter uma dosimetria: tem gente que quebrou uma cadeira, tem gente que armou esse movimento, o golpe, como você diz. Se for tudo comprovado, que este pague. Se foi um golpe, quem organizou que pague”, afirmou.

O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, confirmou que usará as declarações de Múcio para defender o ex-presidente no inquérito do golpe. “É, obviamente, incompatível a intenção de dar um golpe e determinar a transmissão do comando militar”, disse Vilardi.

Segundo Andréia Sadi, da GloboNews, a defesa de Bolsonaro argumenta que, ao intermediar a transição, o ex-presidente demonstrou não ter intenção de promover um golpe.

Esse argumento já havia sido utilizado por Fabio Wajngarten, um dos principais assessores de Bolsonaro, que afirmou em 2024 que o ex-presidente não teria como planejar um golpe, já que nomeou antecipadamente os comandantes das Forças Armadas indicados pelo governo Lula.

As declarações de Múcio também foram recebidas com entusiasmo por aliados de Bolsonaro, que veem nelas uma oportunidade de reforçar a narrativa de que o ex-presidente não teve participação ativa em qualquer tentativa de golpe.

A fala do ministro sobre a necessidade de diferenciar os responsáveis pelos atos de 8 de janeiro também é vista como um ponto favorável à defesa de Bolsonaro, que busca minimizar sua responsabilidade no caso.

Múcio afirmou que os militares estão ansiosos pelo fim do inquérito sobre a trama golpista e que o Ministério da Defesa deseja a conclusão do caso para que os responsáveis sejam identificados e punidos. “Para os militares, a melhor coisa que vai acontecer, por maior que seja o constrangimento, é que os culpados sejam punidos”, disse o ministro. Ele também ressaltou a importância de superar a polarização no país e deixar de lado o revanchismo, sem prejuízo à correção de abusos do passado.

O ministro citou o golpe de 1964 como exemplo de um evento que precisa ser revisado para pacificar o país, mas destacou que muitos militares atuais eram crianças na época e não têm relação direta com o ocorrido. “Acho que temos casos que precisamos rever para pacificar este país, mas só pacificaremos quando colocarmos de lado esse revanchismo”, afirmou Múcio.

Veja a entrevista completa: 

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