Carrefour (CRFB3): por que ação deve sair da Bolsa brasileira e o que fazer até lá?

Mais uma empresa de saída da B3? Na tarde da última terça-feira (11), o Carrefour Brasil (CRFB3) emitiu um fato relevante – após notícias de mercado – sobre uma potencial deslistagem de suas ações, após uma proposta feita pelo Carrefour francês. Nesta quarta, o Carrefour confirmou assinatura de contrato para unificação de bases acionárias.

A potencial deslistagem será feita através da incorporação das ações da CRFB3 em uma subsidiária brasileira (“Merger Sub”), por meio de três possíveis classes de ações, seguidas por seu resgate total. As ações serão avaliadas de acordo com a opção de saída dos acionistas:

As três alternativas são, conforme destaca a XP em relatório: (i) um pagamento em dinheiro de R$ 7,70 por ação; (ii) uma mistura de pagamento em dinheiro de R$ 3,85/ação e ações da Carrefour França (CA); ou (iii) pagamento total em ações do CA.

Na visão da XP, o negócio deve ser aprovado até o segundo trimestre, e, assim, os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Summer, que assinam o relatório, acreditam que a ação irá negociar com base nas proporções propostas para o negócio.

“Como resultado, nosso novo preço-alvo para o final de 2025 é de R$ 7,70/ação”, ou seja, um potencial de alta de 8,45% frente o fechamento de R$ 7,10 da véspera.

A XP ainda vê um efeito positivo da proposta para os pares do Carrefour Brasil, com os termos propostos atuando como um potencial piso de valuation (a 8 vezes o múltiplo de preço sobre lucro, ou P/L, esperado para 2026), enquanto o momento do anúncio pode ser visto como uma indicação positiva para tendências futuras. A equipe de análise da casa mantém recomendação de compra para Grupo Mateus (GMAT3) e Assaí (ASAI3).

Já na visão do Bradesco BBI, a visão de fechamento de capital do Carrefour Brasil é a princípio neutra para os seus pares.

“De acordo com nossas verificações de canal, a controladora na Europa já participa e influencia as decisões mais estratégicas em relação à subsidiária Carrefour Brasil, o que, em nossa visão, pode abranger estratégia de 3 parcelas, introdução de serviços em lojas de cash&carry, etc. Nesse sentido, o ambiente competitivo (feroz) pode não ver grandes mudanças”, avalia. No geral, o banco mantém recomendação neutra para CRFB3.

Para os analistas do BBI, a forte valorização intradiária das ações na última terça faz sentido e a CRFB3 deve atingir R$ 7,70 por ação enquanto o mercado ganhar confiança de que a transação acontecerá.

“Neste momento, nosso caso base é que a transação se materialize. De acordo com as regras da CVM, dois terços do free float devem concordar com os termos de delistagem. A Península (com uma participação de 7,3% dentro do free float de 32,6%; ou 22,4% do free float total) apoiou totalmente a transação, de acordo com o fato relevante da controladora, enquanto acreditamos que os outros minoritários devem ver o prêmio oferecido como atraente à luz das circunstâncias de mercado”, avaliam os analistas.

O Itaú BBA fica de olho nos próximos passos para a conclusão da transação. Eles envolvem a convocação de uma assembleia geral extraordinária de acionistas, a ser realizada no 2T25, na qual a proposta será votada pelos acionistas minoritários.

O que levou à opção para OPA e o que fazer com as ações?

Na visão da Genial Investimentos, além da piora do cenário macroeconômico brasileiro, que naturalmente cria distorções entre o que o mercado está disposto a pagar por uma empresa alavancada e seu valor justo, o falecimento de Abílio Diniz pode ter sido um dos principais catalisadores para o estudo de uma OPA do Carrefour Brasil.

A Península Participações é o veículo de investimento que administra o patrimônio da família Abílio Diniz. Ela possui participação tanto na empresa francesa (8,8%, listada na Euronext: CA) quanto na subsidiária brasileira (7,3%, listada na B3: CRFB3).

Um ano após a morte de Abílio, a gestora da família Diniz passou por várias reestruturações, incluindo demissões em níveis administrativo e executivo. A Genial cita ainda que o desinvestimento da Península poderia criar um overhang (excesso de ações no mercado), pressionando ainda mais a ação e distorcendo completamente o valuation da companhia.

O problema de um possível desinvestimento da Península não se restringiria apenas ao overhang, avalia a Genial, mas também envolvia níveis de governança, uma vez que o familly office mantinha dois assentos no conselho global e três na subsidiária brasileira.

“Diante desses ‘abacaxis’ e considerando que não há espaço para melhora no cenário fiscal, principalmente às vésperas de uma nova eleição presidencial, deixar o jogo acontecer poderia ser um ‘barato que sairia muito mais caro’ para o seu principal controlador, o Carrefour francês”, apontam os analistas da Genial.

A Genial entende que, se no futuro a gestora resolver se desfazer da totalidade de ações do grupo, o processo de desinvestimento se tornará mais fácil, uma vez que as ações listadas na Euronext possuem maior liquidez.

Os analistas ainda apontam o que o investidor deve fazer se já possui as ações do Carrefour. “Apenas espere”, avalia a Genial.

“Quando formalizado os termos propostos, o Carrefour deve chamar uma AGE [Assembleia Geral Extraordinária] para votar sobre a OPA. Se confirmado o fechamento de capital e considerando o prêmio informado no dia 11 de fevereiro, recomendamos que aceite os termos da OPA e exerça a opção de receber em dinheiro (R$ 7,70)”, avalia a Genial.

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