Ocaso de um partido, a situação crítica do PSDB

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Fruto de uma dissidência do PMDB, o Partido da Social Democracia do Brasil (PSDB) encontra-se numa encruzilhada: ou busca aliados para formação de uma nova legenda ou sai de vez da cena nacional. O partido, que governou o país em dois momentos consecutivos, com Fernando Henrique Cardoso, e Minas Gerais, com Eduardo Azeredo, Aécio Neves e Antonio Anastasia, perdeu o norte.
Quando ocorreu a ruptura com o PMDB, o discurso girava em torno de um novo modo de fazer política, desacoplado do velho populismo e com um olhar voltado para o futuro. Tanto é fato que foi o primeiro a mudar a estrutura das instituições do Governo com a criação de agências reguladoras e a privatização de ativos, como a telefonia, que estavam ficando sucateados e pesando no orçamento da União.
Os tucanos não souberam conservar o discurso de inauguração e, por mais que alguns abnegados avisassem, hoje se sentem mais cômodos no terreno da centro-direita do que na centro-esquerda, sua matriz. O que virá pela frente é desconhecido, mas as conversas prosseguem.
O ocaso do PSDB implicou, ainda, um novo ciclo da política nacional. Se antes havia um embate ideológico com o Partido dos Trabalhadores, mas sem a polarização acentuada de hoje, a partir de 2016, com a chegada de Donald Trump ao governo dos Estados Unidos, as coisas começaram a mudar. A direita brasileira ganhou corpo, em torno do capitão e então deputado Jair Bolsonaro, que, dois anos depois, chegou ao poder.
A chave virou. Os tucanos, que antes eram os antagonistas do PT, saíram de cena, e a nova ordem se instalou e hoje permanece, estabelecendo um cenário polarizado com novos atores. Os tucanos sabem que esse protagonismo é coisa do passado, pois a crise não se situou apenas na cúpula. Em Juiz de Fora, o partido esteve fora da Câmara Municipal na última legislatura e, mesmo associado ao Cidadania, não conseguiu um assento sequer na Câmara Municipal para o atual mandato.
O deputado Aécio Neves, que chegou a disputar, com chances, a Presidência da República, foi envolvido em denúncias – das quais já foi absolvido -, que acabaram comprometendo a sua carreira. De senador voltou à Câmara Federal e, embora tenha seu nome citado, não se garante como pré-candidato ao Governo de Minas em 2026. Por ironia, o nome mais citado é o do vice-governador Mateus Simões, ora filiado ao Novo, que durante mais de uma década foi um dos quadros do PSDB.
A política brasileira, mesmo depois da redemocratização, já registrou ascensão e queda de legendas históricas, ora pelo simples desaparecimento, ora por fusões. O dualismo Arena e MDB se desdobrou em diversas siglas que hoje fazem parte da cena nacional. Uma das resistências é o Partido dos Trabalhadores, prestes a completar 45 anos. Até mesmo este passa por uma inflexão, já que, no decorrer dessas quatro décadas e meia, não cultivou qualquer nome que pudesse suceder o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, hoje com 78 anos, chegando aos 80 no próximo pleito. Se ele não for para a reeleição, a legenda também tende a ter problemas no futuro.

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