Dimon diz que cortaria gastos “estúpidos” com diversidade mesmo sem Trump

Jamie Dimon afirmou que o JPMorgan Chase reduzirá os gastos com algumas iniciativas de diversidade que ele considera desperdício de dinheiro, ao mesmo tempo em que reiterou o compromisso do banco com comunidades negras, hispânicas e LGBTQ.

Dimon, um dos líderes mais francos de Wall Street, respondeu a uma pergunta de um funcionário sobre os programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI, na sigla em inglês) do JPMorgan durante uma reunião interna na quarta-feira (12) em Columbus, Ohio, nos EUA. Ele disse que o cancelamento de algumas iniciativas visa eliminar custos excessivos, e não atender à pressão do novo governo Trump.

“Muitas empresas fizeram coisas que eu nunca teria feito”, afirmou, acrescentando que o próprio JPMorgan provavelmente lançou iniciativas que “se tornaram excessivas” e desperdiçaram dinheiro. “Nunca fui um grande defensor do treinamento sobre vieses inconscientes”, disse Dimon.

Muitas empresas implementaram esses treinamentos para conscientizar seus funcionários sobre vieses inconscientes — julgamentos ou opiniões formadas com base em fatores como gênero, raça ou idade.

O CEO de longa data do JPMorgan ressaltou que a abordagem do banco em relação às comunidades negra, hispânica e LGBTQ permanece inalterada, enfatizando seu desejo de “elevar a sociedade”. No entanto, ele também questionou algumas das decisões de gastos relacionadas a políticas de diversidade, sem especificar quais.

“Eu vi como estávamos gastando dinheiro com algumas dessas merdas estúpidas, e isso realmente me irritou”, disse Dimon, segundo uma gravação da reunião ouvida pela Bloomberg News. “Eu vou simplesmente cancelá-las. Não gosto de desperdício de dinheiro em burocracia.”

Um porta-voz do JPMorgan se recusou a comentar as declarações de Dimon.

Pressão sobre programas de diversidade

Nos últimos anos, as iniciativas de diversidade se tornaram um tema polêmico nos EUA, e o presidente Donald Trump ordenou que sua administração pressionasse as empresas a abandoná-las. Grandes corporações, como Accenture Plc e Goldman Sachs Group Inc., já começaram a recuar em relação a algumas promessas de diversidade.

Dimon afirmou que as mudanças no JPMorgan não têm relação direta com a volta de Trump à presidência.

O JPMorgan, sob a liderança de Dimon há quase duas décadas, recentemente elevou seu salário para US$ 39 milhões em 2024, um ano em que o banco bateu seu próprio recorde de maior lucro anual da história do setor bancário americano.

Polêmica sobre volta ao escritório

O JPMorgan emprega mais de 300 mil pessoas em todo o mundo e recentemente informou a muitos funcionários que eles terão que trabalhar presencialmente cinco dias por semana, em vez de três. A decisão ampliou uma regra de abril de 2023 que já exigia a presença diária dos diretores-executivos do banco. Cerca de 60% dos funcionários — incluindo operadores de mercado e trabalhadores de agências bancárias — já estavam sujeitos a essa exigência.

Alguns funcionários lançaram uma petição online direcionada a Dimon para protestar contra a nova política. Até a manhã de quinta-feira, mais de 1.200 pessoas haviam assinado.

“Não me importo com quantas pessoas assinam essa p**** de petição”, disse Dimon durante a reunião interna. Sua posição sobre o retorno ao trabalho presencial já havia sido reportada pela Reuters.

Ele citou a queda na eficiência e na criatividade como fatores que justificam a exigência do trabalho presencial e afirmou que os gerentes não poderão decidir as regras para suas equipes. “Não há a menor chance de eu deixar isso para os gerentes. Chance zero. O abuso que aconteceu foi extraordinário”, disse.

Dimon também argumentou que os funcionários mais jovens foram prejudicados pelos modelos híbridos e remotos. “A nova geração está sendo prejudicada por isso”, afirmou.

“Entendemos que haverá alguma flexibilidade, mas eu vou monitorar os gerentes de perto”, acrescentou. “Nossos gestores simplesmente não gerenciaram.”

© 2025 Bloomberg L.P.

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