“O Brics morreu”, diz Trump ao ameaçar o bloco com aumento de 100% em tarifas

O presidente dos EUA, Donald Trump, em Washington. Foto: Elizabeth Frantz/Reuters

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar os planos do Brics de reduzir a influência do dólar no comércio internacional. Em 2025, o bloco será presidido pelo Brasil, que tem como uma de suas prioridades o fortalecimento do uso de moedas locais nas transações entre seus membros. Com informações de Jamil Chade, no Uol.

Ao anunciar novas medidas para o comércio exterior, Trump foi questionado sobre o Brics e se pretendia enfraquecer o grupo. Em resposta, afirmou: “Eu não me importo. Isso foi criado por um objetivo ruim”.

Ele voltou a alertar que, caso o bloco reduza o papel do dólar no comércio, os Estados Unidos aplicarão tarifas de 100% sobre os produtos desses países. “Eles vão nos implorar depois”, declarou, referindo-se às economias emergentes. “Brics morreu no momento que eu mencionei isso”.

No início do ano, Trump usou as redes sociais para reforçar sua posição: “Vamos exigir um compromisso desses países aparentemente hostis de que eles não criarão uma nova moeda do Brics, nem apoiarão qualquer outra moeda para substituir o poderoso dólar americano, ou enfrentarão 100% de tarifas”.

Ele ainda afirmou que “não há nenhuma chance de os Brics substituírem o dólar americano no comércio internacional ou em qualquer outro lugar, e qualquer país que tentar deve dizer olá às tarifas e adeus aos EUA”.

Apesar das declarações, fontes diplomáticas afirmaram ao UOL que o trabalho do Brics para ampliar o uso de moedas locais continuará. “Este não é um objetivo que vai acontecer da noite para o dia. Mas isso não vai mais sair da pauta”, garantiu um experiente negociador.

Uma das ideias para o médio prazo é criar um mecanismo que permita transações comerciais em moedas nacionais, sem a necessidade de conversão para o dólar. A primeira reunião da presidência brasileira do bloco está marcada para fevereiro de 2025 e será fundamental para definir a agenda de trabalho e as prioridades do ano.

O Brasil insiste que o tema deve ter um caráter “técnico”, com foco na ampliação dos negócios, e não ser visto como um ataque aos EUA. Para reforçar essa posição, o governo brasileiro destaca que, atualmente, exporta mais para os países do Brics do que para os EUA e a Europa juntos. Em 2023, as vendas para o bloco totalizaram US$ 120 bilhões, contra US$ 83 bilhões para os mercados ocidental e americano.

Na diplomacia brasileira, o argumento central é de que a ampliação do uso de moedas locais tornará o comércio entre os países em desenvolvimento “mais eficiente” e “mais seguro”. Além disso, o governo destaca que o processo será conduzido por bancos centrais e ministérios das Finanças, sem viés ideológico.

Já para o governo dos EUA, a redução da influência do dólar representa uma ameaça ao seu poder econômico e diplomático. Parte das sanções unilaterais aplicadas por Washington utilizam o domínio da moeda americana no sistema financeiro global. Caso um sistema paralelo seja criado com moedas alternativas, a capacidade da Casa Branca de impor sanções pode ser reduzida.

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