Esqueça as 7 Magníficas: a nova aposta são as “vacas leiteiras” gringas

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Há muita incerteza em torno dos investimentos nas big techs americanas Enquanto alguns analistas afirmam que essas empresas estão sobrevalorizadas, outros destacam a dificuldade de prever seu futuro, já que elas operam em um setor movido pela inovação constante. Além disso, novas ameaças batem à porta a todo instante: a startup chinesa DeepSeek, por exemplo, levou a Nvidia (NVDC34) a registrar a maior queda da história.

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Diante dessas incertezas, investidores estrangeiros começam a revisar suas estratégias. Segundo o The Wall Street Journal, alguns já consideram que as “7 Magníficas” – como são chamadas as principais big techs dos EUA – pertencem ao passado. A alternativa apontada? Companhias com forte geração de fluxo de caixa livre, que podem oferecer maior solidez em momentos de volatilidade. Os americanos as apelidam de “cash cows” (vacas leiteiras”, numa tradução livre).

O fluxo de caixa livre refere-se ao capital que sobra após o pagamento de despesas operacionais e investimentos, ficando disponível para remunerar credores e distribuir dividendos aos acionistas. Empresas que apresentam esse perfil tendem a ser menos dependentes de ciclos de captação e oferecem maior previsibilidade financeira, uma característica valorizada em tempos de incerteza.

“Companhias com fluxo de caixa positivo são mais resilientes, pois em sua maioria não dependem de endividamento excessivo para financiar suas operações, o que as torna mais seguras em tempos de crise. Outro ponto relevante é que essas empresas geralmente têm menor risco de falência, já que são capazes de sustentar suas operações com recursos próprios, além de capacidade de reinvestimento, podendo expandir seus negócios, adquirir concorrentes ou inovar sem depender de crédito externo”, explicou Ângelo Belitardo gestor da Hike Capital, para o InfoMoney.

Mais dividendos em dólar

Otávio Barros, especialista em mercado internacional na Fami Capital, disse para a reportagem que, como essas firmas com fluxo de caixa livre normalmente têm pouca ou nenhuma alavancagem, o risco para o investidor é reduzido, e a previsibilidade dos proventos aumenta de forma considerável.

“O investidor reduz significativamente o risco, já que, na maioria das vezes, essas são empresas sem alavancagem ou com níveis muito baixos de endividamento. Além disso, para quem busca dividendos, há a vantagem da previsibilidade, com pagamentos estáveis e até mesmo uma perspectiva de crescimento desses dividendos”.

No caso dos dividendos gringos, no entanto, o brasileiro interessado em investir no exterior precisa ficar atento ao imposto. Enquanto no Brasil o provento é isento de IR, nos Estados Unidos há uma tarifa em 30%, com recolhimento direto na fonte, o que pode pesar para quem adota essa estratégia de investimento.

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OK, onde estão essas empresas?

Diversos ETFs internacionais focados nesse tipo de companhia foram lançados nos últimos anos. Um deles é Pacer US Cash Cows 100 ETF (COWZ), um fundo negociado em bolsa que busca replicar o desempenho do índice Pacer US Cash Cows 100. Esse indicador segue as 100 empresas com maior fluxo de caixa do índice Russell 1000, dos EUA.

As sete principais empresas do ETF são Qualcomm (QCOM34), Gilead Sciences (GILD34), Cencora (C1CO34), Tenet Healthcare (THC), Valero Energy (VLOE34), Archer-Daniels-Midland (A1DM34) e Bristol-Myers Squibb (BMYB34). O índice seguido pelo produto financeiro teve um retorno anual de 15,7% nos últimos cinco anos, o que representa 7 pontos percentuais acima do índice Russell 1000.

Veja abaixo cinco ETFs da categoria, preço das cotas e perfomance:

ETF Preço Perfomance
COWZ US$ 57,53 10,64%
QOWZ US$ 34,63 31,62%
FLOW US$ 31.48 13,01%
COWS US$ 29,42 14,52%
VFLO US$ 35,20 23,60%
Fontes: Sites das gestoras
Data de corte: 13/02/2025

Bom desempenho, mostra pesquisa

Em dezembro de 2024, os analistas da gestora de fundos Lord Abbett, que administra US$ 214 bilhões, publicaram um estudo sobre adotar esse tipo de estratégia. Em síntese, eles comparam os ganhos, entre meados de 2002 e meados de 2024, de dois portfólios: um feito com base no preço sobre valor patrimonial (indicador que compara o valor de mercado de uma ação ao seu valor patrimonial) e outro com base no caixa livre. O primeiro subiu 519% no período, enquanto o segundo registrou o dobro do desempenho.

“Ao contrário das métricas de lucros que podem ser manipuladas através de ajustes discricionários, o fluxo de caixa livre normalizado concentra-se no caixa real gerado pela empresa após a contabilização das despesas de capital. Esta medida é menos sujeita a manipulação, pois destaca o caixa real disponível para a empresa, tornando-a uma medida mais confiável do desempenho financeiro e da sustentabilidade desse desempenho”, concluíram.

Vale investir no exterior agora?

O melhor momento para investir no exterior é sempre, segundo boa parte dos analistas de mercado. Isso porque o universo de ativos lá fora é muito maior – a B3, por exemplo, só tem 1% das ações existentes no mundo – e vale ter algum patrimônio descorrelacionado da economia local.

“A diversificação geográfica ajuda a proteger o patrimônio. Diversificação em moedas mais fortes também ajuda a proteger a carteira, embora adicione volatilidade ao investidor que analisar o retorno do investimento em reais. O mais correto (e saudável) é acompanhar o retorno da carteira no exterior na moeda do investimento”, falou Guilherme Barbosa, estrategista de investimentos do Grupo Mirabaud.

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