Fornecedores informais pressionam distribuidoras de combustíveis e podem criar revés

Diversas distribuidoras de combustíveis têm enfrentado dificuldades no Brasil devido à vantagem competitiva obtida por fornecedores informais de diesel, que desrespeitam as exigências de mistura de biodiesel, conforme relatório do Goldman Sachs enviado a investidores nesta quinta-feira (13).

O banco estima que a não conformidade pode gerar uma vantagem de mais de R$ 300 por metro cúbico (m³) para os fornecedores informais nas vendas de diesel. Como referência, as margens de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado foram de R$ 153/m³ para Ipiranga (IPBR3) e R$ 176/m³ para Vibra (VBBR3) no terceiro trimestre de 2024.

Os analistas se baseiam no estudo do Instituto Combustível Legal (ICL) que apontou fraudes em postos de combustíveis, com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) limitada a fiscalizar apenas 9% dos estabelecimentos, aumentando a pressão sobre o setor.

A análise do Goldman Sachs surge após reportagem de O Estado de S. Paulo, publicada na segunda-feira (10). O jornal ressalta que o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), que representa grandes distribuidoras como Vibra, Raízen (RAIZ4), Ipiranga e Shell, está estudando a solicitação à ANP para suspender a mistura obrigatória de biodiesel, dada a subida de preços e a crescente informalidade no mercado. As distribuidoras estão especialmente preocupadas com a elevação do percentual de biodiesel para 15% em março, o que pode aumentar ainda mais os custos.

A recomendação do Goldman Sachs, diante do atual panorama, é focada nos próximos passos das distribuidoras. Vibra e Ultra (UGPA3) têm suas divulgações de resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24) programadas para os dias 24 e 26 de fevereiro, respectivamente. A expectativa do mercado é que os principais pontos de discussão nas apresentações abordem a visão das administrações sobre o mercado competitivo, incluindo atualizações sobre os volumes de importação de combustíveis e a agenda contra a informalidade, além das perspectivas para as margens no primeiro trimestre de 2025.

No que diz respeito à avaliação das distribuidoras, o Goldman Sachs manteve sua recomendação neutra para a Vibra Energia, com um preço-alvo de R$ 19,50 nos próximos 12 meses. O banco diz que a avaliação foi feita com base em um múltiplo de 4,4 vezes (x) o múltiplo entre o EV (valor da firma) sobre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado, que representa o valor total de uma empresa com o seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Já para o negócio de energia renovável da Vibra, foi estabelecido um valor de EV de R$ 11 bilhões.

Para a Ultra, a recomendação é de compra, com um preço-alvo de R$ 19,70 ou US$ 3,20 nos próximos 12 meses, fundamentada em um múltiplo de preço sobre lucro (P/L) de 10,1x, além do valor da participação da empresa na Hidrovias do Brasil. O risco para as projeções, segundo o Goldman Sachs, inclui a atividade econômica, a variação nas taxas de juros e o aumento da concorrência no setor de distribuição de combustíveis.

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