Copasa: por que bancos estão neutros apesar da forte perspectiva de dividendos?

A ação da Copasa (CSMG3) acumula ganhos de 19% em 2025 e de 12% nos últimos meses, superando o Ibovespa e o IEEX (índice de energia elétrica), muito por conta da visão de pagamento de fortes dividendos no curto prazo. Contudo, analistas do Itaú BBA e Bradesco BBI estão neutros com os ativos.

O Itaú BBA retomou a cobertura da Copasa nesta semana com recomendação neutra e estabelecendo preço-alvo de R$ 24,10 por ação para o fim de 2025.

Os analistas do BBA atribuem o desempenho positivo principalmente aos dividendos atrativos da empresa e às discussões regulatórias em andamento, que podem destravar valor.

Junto com a Cemig (CMIG4), a Copasa é provavelmente o único nome sob cobertura do BBA a entregar um rendimento de dois dígitos (11% relacionado a 2024 e 10,4% relacionado a 2025), assumindo dividendos extraordinários este ano. No entanto, o BBA projeta uma redução do rendimento de dividendos recorrente da empresa para 5,3% em 2026, dado o efeito do reajuste tarifário negativo, e então aumentando ligeiramente no médio a longo prazo até atingir altos níveis de um dígito até o final do ciclo.

Na visão do BBA, a ação parece precificada de forma justa, sendo negociada a um múltiplo Valor da Firma (EV)/RAB (base de ativos regulatórios) implícito de 0,98 vez, próximo ao múltiplo considerado justo de 0,97 vez. O banco não vê vantagem caso a empresa permaneça estatal e segue cético quanto à possibilidade de privatização.

Com base na metodologia regulatória atual para calcular a remuneração da base de ativos, o BBA espera um reajuste tarifário negativo no ano que vem. No entanto, dada a proposta de um reconhecimento anual do capex na base de ativos, o banco vê espaço para aumentos tarifários reais a partir de janeiro de 2027 em diante, embora ainda tenha visibilidade muito baixa sobre como o regulador implementará tal mudança, pois a metodologia está sendo discutida.

O Bradesco BBI também reiterou recomendação neutra para Copasa, com preço-alvo de R$ 25, uma vez que reduziu as estimativas de lucro líquido no 4T24 de R$ 368 milhões para R$ 299 milhões, devido a desvalorização cambial, implicando maiores perdas monetárias, cerca de 19% da dívida atrelada ao euro.

Os analistas demonstraram preocupação com esses ajustes devido aos dividendos adicionais que esperam serem declarados junto com os resultados do 4T24, correspondendo à distribuição de parte do excesso de reserva de lucro líquido acumulado acima da conta de capital integralizado da Copasa.

Conforme a legislação societária brasileira, essa reserva não pode exceder o capital integralizado, o que obriga a Copasa a capitalizar o excedente e ou distribuí-lo como dividendos. A empresa já adotou essa estratégia em abril de 2024 e provavelmente repetirá o movimento no 1T25, já que a reserva de lucro líquido excedente do final de 2024 deve atingir aproximadamente R$ 860 milhões.

Segundo o BBI, o principal fator limitante para a distribuição total desses dividendos são os covenants de passivo/patrimônio líquido ≤ 1,0 vez. Além disso, a relação Dívida Líquida/EBITDA do AF24/AF25 (covenant de 3,0 vezes) também atua como um limite secundário, restringindo os dividendos à medida que a Copasa aumenta o capex para universalizar os serviços. “Essa abordagem reflete uma provável postura cautelosa da administração, considerando o cenário macroeconômico volátil do Brasil”, conclui BBI.

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