Life Capital vê potencial a ser destravado com liga única após investimento na LFU

O acordo fechado entre o Grupo Globo e a Liga Forte União (LFU) pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro não interessa apenas à emissora e aos 33 clubes do bloco. De olho em uma perda potencial considerada pequena e retornos acima da inflação, a gestora Life Capital Partners, investidora da LFU, ainda vê um “vento favorável” no mercado de esportes com receitas e margens elevadas.

A compra da participação custou cerca de R$ 2 bilhões, captados por meio da empresa Sports Media, cujos sócios são a Life Capital Partners, um fundo da XP Investimentos e a LiveMode. Para o ciclo de 2025 a 2029, a LFU negociou uma média de receita anual de R$ 1,7 bilhão com Record, YouTube, Prime Video e Grupo Globo.

Tese de margem elevada e caixa

A Life Capital foi atraída por um potencial de perda “extremamente limitado” e histórico de retornos superiores à inflação com direitos de transmissão. Embora não abra a projeção de retorno sobre o investimento, a gestora avalia que, pelos valores negociados, eles devem ser superiores ao cenário mais otimista calculado.

O fundador e managing partner da Life Capital Partners, João Leitao atribui a essa classe de ativo um comportamento único e incomum na maioria dos portfólios: “É altamente geradora de caixa, nós não temos capex [despesas em capital, como estrutura física] para fazer, 90% de margem”.

Parte da avaliação feita pela Life Capital Partners é compartilhada por investidores ao redor do mundo. Nesta segunda-feira (17) foi anunciado um investimento do fundo soberano da Arábia Saudita no streaming de transmissões esportivas Dazn que, segundo a Bloomberg, deve ser de ,no mínimo, US$ 1 bilhão.

“A receita é muito grande. As pessoas adoram esportes, é um dos segmentos que não vai ser disruptado por tecnologia no sentido de que não queremos ver máquinas jogando, queremos ver seres humanos”, diz Leitao. “Ao mesmo tempo, quando se entra em uma liga, é comprada uma propriedade extremamente única.”

Para os próximos anos, a perspectiva de uma liga unificada entre todos os clubes do Campeonato Brasileiro ajudaria a impulsionar uma receita ainda subaproveitada de transmissões internacionais que hoje representam 1% da receita do Campeonato Brasileiro, valor distante até de torneios vizinhos como o argentino.

A LiveMode, agência de gerenciamento de direitos de transmissão, representou a LFU na negociação. É resultado de uma cisão entre clubes da elite do futebol brasileiro e conta com times como Vasco, Botafogo, Cruzeiro, Internacional, Athletico-PR e a chegada mais recente de Corinthians.

Do outro lado está a Libra, representada por times como Flamengo, São Paulo e Palmeiras, cujos direitos foram negociados com a Globo na totalidade. Após divergências sobre a distribuição de receitas em uma liga, os grupos se dividiram em blocos que negociaram separadamente seus direitos econômicos. Agora, mesmo que a ideia de unificação seja retomada, uma nova rodada de negociações de direitos de transmissão só teria resultado depois de 2029.

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