Carlos Bolsonaro comandava postagens do ‘gabinete do ódio’, diz Cid em delação

Carlos Bolsonaro. Foto: Divulgação

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, detalhou em depoimento à Polícia Federal o funcionamento do chamado “gabinete do ódio”, que supostamente disseminava fake news contra as urnas eletrônicas e as vacinas. As declarações fazem parte do acordo de delação premiada firmado por ele em 2023.

Segundo Cid, o grupo operava dentro do Palácio do Planalto e era formado por “três garotos que eram assessores” de Bolsonaro, com ligação direta com o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). O ex-ajudante afirmou que o filho do ex-presidente era responsável por definir os conteúdos divulgados pelo grupo.

“O Carlos Bolsonaro era quem ditava o que eles teriam que colocar, falar. O presidente tomava conta do Facebook, e o Carlos cuidava das outras redes. O presidente todo dia queria postar alguma coisa e o Carlos repostava nas outras redes. O que eles faziam basicamente era sentir a temperatura das redes sociais e tentar colocar matérias que davam engajamento”, relatou Cid.

O gabinete do ódio, segundo ele, funcionava em uma “salinha pequenininha” no terceiro andar do Palácio do Planalto, próximo ao gabinete do então presidente. “Ficava no terceiro piso do Palácio do Planalto, em uma sala pequenininha, onde ficavam os três. Um cafofo. Ficava próximo ao gabinete do presidente, no mesmo andar”, descreveu.

Ainda de acordo com Mauro Cid, o grupo mantinha contato direto com influenciadores digitais que ajudavam a disseminar as mensagens do governo.

“Eles tinham contato com influenciadores, essas pessoas replicavam, e às vezes não era nem a notícia, mas uma determinada linha. Eles tinham uma sensibilidade grande para saber o que dava engajamento e o que não dava. O Carlos não queria que as mídias do presidente fossem enfadonhas”, disse.

O depoimento de Cid é uma das provas reunidas pela Polícia Federal nos inquéritos que envolvem Bolsonaro. Nesta terça-feira (20), a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o ex-presidente, o ex-ministro Braga Netto e mais 32 pessoas por suposta participação em uma trama golpista para mantê-lo no poder após a derrota para Lula nas eleições de 2022.

A denúncia foi apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e será analisada pela Primeira Turma do STF. O sigilo dos vídeos dos depoimentos foi derrubado nesta quinta-feira (22), tornando as revelações de Cid públicas.

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