Delação de Cid revela que o ex-PGR, Francisco Aras, falava “direto” com Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-procurador-geral da República Augusto Aras: segundo Mauro Cid, os dois se encontravam “direto” no Palácio do Alvorada. Foto: Reprodução

O tenente-coronel Mauro Cid revelou em sua delação premiada que o ex-procurador-geral da República, Augusto Aras, marcava reuniões “direto” com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Palácio do Alvorada.

Durante uma oitiva realizada em dezembro de 2024, Cid foi questionado sobre a relação entre Bolsonaro e Aras. Ele explicou que, normalmente, era procurado por autoridades para agendar encontros com o ex-capitão, mas destacou que Aras tratava diretamente com Bolsonaro.

“Normalmente, as autoridades tentavam marcar comigo as reuniões. O doutor Aras fazia direto com o presidente, ele só me avisava”, declarou Cid em um dos trechos da delação.

O militar afirmou que os encontros no Alvorada ocorriam cerca de uma vez por mês e, em algumas ocasiões, o ex-procurador-geral da República estava acompanhado da subprocuradora Lindôra Araújo. Cid, no entanto, disse que não participava dessas reuniões e desconhecia o teor das conversas.

“Ele (Bolsonaro) os recebia uma vez por mês. Mas não eram encontros periódicos. Eles iam lá como iam outras autoridades”, afirmou o ex-ajudante de ordens.

Aras, o “passador de pano”

Enquanto esteve no comando da Procuradoria-Geral da República (PGR), Augusto Aras arquivou diversas investigações que poderiam incriminar Bolsonaro e seus aliados.

Entre os casos estão o da Covaxin, no qual o ex-presidente foi acusado de prevaricação ao não adquirir o imunizante contra a Covid-19, e o vazamento de dados sigilosos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Lindôra Araújo, sua principal aliada na PGR, também teve papel ativo nessas decisões.

A suspeita de proximidade entre Aras e Bolsonaro levou a Polícia Federal a “escantear” a PGR em algumas operações contra bolsonaristas.

Em 2023, Aras criticou publicamente o acordo de colaboração premiada firmado por Mauro Cid e se manifestou contra sua homologação, alegando que o documento não havia passado pela análise da Procuradoria.

A delação de Mauro Cid sobre Bolsonaro em 5 pontos - 20/02/2025 - Poder - Folha
Mauro Cid e Bolsonaro: o tenente-coronel afirmou que não participava das reuniões e não sabia qual era o conteúdo das conversas. Foto: Reprodução

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