Caso Whindersson Nunes: Por que famosos lutam contra a depressão?

A recente decisão de Whindersson Nunes de se internar voluntariamente em uma clínica psiquiátrica reacende uma questão delicada e reforça que o sucesso, dinheiro e carinho de milhões de fãs não formam uma barreira contra a depressão e outras questões que envolvem a saúde mental.

“Quando alguém se torna uma figura pública, acaba criando uma nova personalidade para as redes sociais. O problema é que, com o tempo, a necessidade de sustentar esse personagem pode levar a um completo distanciamento de quem a pessoa realmente é. Isso gera um vazio existencial profundo, que muitos confundem com depressão ou ansiedade, mas que, na verdade, é um deslocamento da própria identidade”, diz a psicanalista Ana Lisboa.

Gatilhos silenciosos

Além da depressão, outros transtornos envolvendo a saúde mental,devido a uma exposição contínua, podem atingir os famosos, como a ansiedade e o burnout e depressão profunda: “As pessoas acreditam que influenciadores e artistas não trabalham, mas, na realidade, eles vivem uma carga horária de 24 horas por dia. Não há desligamento, não há descanso da própria imagem”, alerta a profissional.

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“Um turbilhão de cobranças, críticas e, em muitos casos, ameaças de morte, como a própria Luísa Sonza revelou que Whindersson enfrentava. Isso coloca toda a família dentro de uma narrativa de pressão insustentável”, complementa Ana Lisboa, destacando que esse tipo de sofrimento não afeta apenas os famosos.

Pessoas que se dedicam integralmente a um cargo ou função também podem viver esse tipo de dissociação: “Isso acontece até mesmo com profissionais que se vinculam mais ao seu papel do que à sua essência. Quando alguém se torna refém de uma identidade que precisa ser mantida a qualquer custo, o corpo responde. Ele pode adoecer fisicamente para tentar trazer a pessoa de volta à sua verdadeira identidade”.

Foi exatamente o que aconteceu com a cantora Anitta, que no auge de sua carreira precisou resgatar sua essência como Larissa. O mesmo padrão se repetiu com Justin Bieber, Britney Spears e tantas outras celebridades. A fama, ao invés de ser sinônimo de liberdade, se torna uma prisão invisível, onde a necessidade de corresponder às expectativas externas anula a própria existência.

Para Ana Lisboa, a internação de Whindersson foi uma escolha acertada. “Esse é um movimento de retorno para si mesmo. De se reconectar com sua história, seu corpo, sua essência. A fama exige um nível de entrega que, muitas vezes, gera um senso de morte interna. O corpo reage para evitar que essa desconexão se torne definitiva. O tratamento psiquiátrico, nesse caso, não é apenas uma solução para um transtorno, mas um caminho para a reconstrução de uma identidade real e saudável”, conclui.

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