Silvio Almeida quebra o silêncio e refuta acusações de Anielle: “Isso é um descalabro!”

Silvio Almeida: ex-ministro dos Direitos Humanos rebateu as acusações de importunação sexual feitas contra ele – Foto: Reprodução

Silvio Almeida rebateu as acusações de importunação sexual feitas por Anielle Franco e sugeriu uma articulação política para desgastá-lo. Em entrevista ao UOL, o ex-ministro dos Direitos Humanos nega os episódios relatados, questiona as motivações da ministra e aponta que interesses políticos e disputas internas podem ter alimentado a crise pela qual passou. Segundo ele, setores do movimento negro, ONGs e adversários dentro do governo teriam se aproveitado do caso para minar sua credibilidade.

(…)UOL – Anielle Franco disse à revista Veja que a importunação sexual começou na transição. Como foi a convivência de vocês nesse período?

Silvio Almeida – Não convivemos durante a transição.

Tenho lembrança de ter encontrado Anielle em duas ocasiões. Num jantar, em que minha esposa, grávida, ficou conversando com a ministra.

Depois no dia em que fomos anunciados ministros.

Não tenho lembrança de ter me encontrado com ela durante os trabalhos. Se aconteceu, foi um encontro rápido nos corredores, ou na saída do Centro Cultural Banco do Brasil, sede da transição, e eu estava com assessores.

Fui apenas três vezes à sede. Eu tinha uma série de conferências pré-agendadas na Europa e coordenei o trabalho online.

Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

UOL – O senhor fez sussurros eróticos nos ouvidos da ministra e passou a mão nas pernas dela por baixo da mesa em uma reunião em Brasília?

Silvio Almeida – É óbvio que não.

Imagine uma reunião em que estão dois ministros. Eu, sentado, na lateral da mesa; a ministra sentada na ponta, outras pessoas sentadas, o presidente da Anac [Agência Nacional de Aviação Civil], e logo na minha frente o diretor geral da Polícia Federal.

Eu passaria a mão nas pernas de uma ministra numa reunião na frente do diretor geral da PF? Isso é um descalabro.

UOL – O que houve ali?

Silvio Almeida – Foi uma reunião tensa para falar sobre casos de racismo nos aeroportos.

Surgiu uma divergência entre o que eu propunha e o que a ministra propunha. Visões diferentes de como tratar a questão. Entretanto, ela foi extremamente deselegante.(…)

(…)UOL – Anielle Franco não teria muito a perder inventando uma história dessas?

Silvio Almeida – Acho que ela caiu numa armadilha, a falta de compreensão de como funciona a política —a armadilha em que eu caí também.

Não prestei atenção em coisas em que deveria ter prestado mais atenção. Ela, da mesma forma. Ela se perdeu num personagem.

Para tentar me desgastar, ela participou desse espalhamento de fofocas e intrigas sobre mim.

O objetivo talvez fosse minar minha credibilidade, tirar meu espaço em certos círculos da elite carioca, da academia, com pessoas ligadas ao sistema de justiça. Me queimar.

Essa fofoca se tornou objeto de interesse do jornalismo.

Isso se tornou um caso de interesse das autoridades policiais. E foi hipotecada uma crise enorme para o governo. Ela perdeu o controle da narrativa. Diante do tamanho da crise, sobraram para ela duas opções.(…)

(…)UOL – O senhor sugere uma orquestração de grupos para prejudicá-lo. Que grupos são esses?

Silvio Almeida – É ingenuidade pensar que cheguei nos lugares aonde cheguei sem angariar adversários, sem que outras pessoas não quisessem estar na minha posição.

Tem pessoas que foram demitidas do ministério e apareceram em profunda ligação com pessoas de organizações. Vamos falar disso no momento certo.

Quando se começa a se falar da possibilidade de eu ocupar cargos no Judiciário, há resistências de grupos que entram em conflito comigo.

E ainda parcelas de grupos do movimento negro, que não é homogêneo. Há disputa de espaço, poder e dinheiro.

UOL – O senhor publicou em rede social que ONGs “suspeitíssimas” faziam pressão junto a instituições de Estado em relação ao seu caso. O senhor se referia ao Me Too Brasil?

Silvio Almeida – Fico preocupado quando causas relevantes são capturadas e manipuladas como forma de acessar poder e dinheiro.

Sobre o Me Too: supostas denúncias contra mim foram levadas diretamente para um jornalista. Isso viola o dever de proteção de dados e de sigilo.

Coloca em risco a vida das mulheres que tiveram a coragem de procurar essas entidades e a de pessoas que podem ser inocentes.

Essas informações não tratadas corretamente e levadas para a imprensa criaram um clima de linchamento e destruição de reputação. Passamos por cima da presunção de inocência.(…)

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