Papa Francisco pôs a Igreja à frente de sua saúde, dizem observadores

Papa Francisco está internado desde 14 de fevereiro. Foto: reprodução

O papa Francisco, que recentemente foi hospitalizado devido a uma crise respiratória agravada por pneumonia, manteve uma agenda exaustiva de compromissos até o momento de sua internação, segundo o New York Times. Mesmo após o anúncio, em 6 de fevereiro, de que ele estava com bronquite e precisaria restringir suas atividades, o pontífice continuou realizando audiências privadas com grupos de freiras, peregrinos e líderes de fundações.

No dia 9 de fevereiro, Francisco presidiu uma missa ao ar livre na Praça de São Pedro, onde o vento forte tirou seu solidéu branco da cabeça. Durante a homilia, ele precisou interromper o discurso, dizendo: “Estou com dificuldade para respirar”. Três dias depois, em sua audiência semanal, ele teve um auxiliar para ler seu discurso, mas ainda assim apertou as mãos de dezenas de prelados e tirou fotos com fiéis.

Dois dias após esse evento, o Santo Padre foi levado às pressas para o hospital e diagnosticado com uma condição médica complexa que evoluiu para pneumonia.

Apesar de sua saúde frágil, Francisco manteve uma agenda intensa, especialmente com o início do Jubileu de 2025 em dezembro, um evento que ocorre apenas a cada 25 anos e envolve cerimônias, penitência e perdão dos pecados. Para muitos que o conhecem, essa dedicação extrema é uma marca registrada de seu papado.

“O papa se preocupa muito com a Igreja, então está claro que ele colocou a Igreja em primeiro lugar”, disse Luigi Carbone, médico pessoal do papa, em entrevista coletiva no hospital.

Sergio Alfieri, outro médico de Francisco, acrescentou que o pontífice “não se segura porque é enormemente generoso, então se esgotou”.

Essa generosidade e dedicação são características que Francisco carrega desde sua juventude, quando ingressou na ordem dos Jesuítas em 1958. Fabio Marchese Ragona, biógrafo do papa, destacou que Francisco se juntou aos Jesuítas “acima de tudo pela disciplina”, e que manter compromissos é algo enraizado nele.

O Papa Francisco. Foto: reprodução

Francisco, que se tornou papa aos 76 anos, sempre demonstrou consciência de que seu tempo no cargo poderia ser limitado. Um ano após o início de seu papado, ele disse aos repórteres que achava que seria papa por dois ou três anos, depois “rumo à casa do Pai.” No entanto, ele estabeleceu uma agenda rigorosa, acordando antes das 5h e começando o trabalho às 6h, o que Nelson Castro, autor do livro “A Saúde dos Papas”, descreveu como “louca.”

Apesar de sua idade avançada e problemas de saúde recorrentes, Francisco manteve uma rotina intensa. Em setembro passado, ele realizou a viagem mais longa e complexa de seu mandato: uma turnê de 11 dias por quatro países na região Ásia-Pacífico. “Para Francisco, é tudo ou nada”, disse Austen Ivereigh, biógrafo papal. “Sua preocupação primordial não é prolongar sua vida, sua preocupação primordial é exercer o ministério papal da maneira que ele acredita que deve ser exercido, que é tudo, 100%.”

A jornalista argentina Elisabetta Piqué, outra biógrafa do papa, destacou que Francisco tem uma agenda paralela tão cheia quanto a oficial.

“Ele sempre diz: ‘Terei tempo para descansar no próximo mundo’”, contou ela. Essa dedicação relatada por pessoas próximas, no entanto, tem um custo . Francisco sofre de ciática, problemas no joelho e crises recorrentes de bronquite, além de ter tido parte de um pulmão removido quando jovem.

Apesar de sua teimosia em manter o ritmo de trabalho, há sinais de que o papa pode estar disposto a desacelerar. Durante uma visita da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, ao hospital, Francisco reclamou: “Os médicos disseram que tenho que tirar um tempo de folga” e que “tenho que ter cuidado com minha saúde, senão vou direto para o céu.”

Os médicos do papa deixaram claro que o manterão no hospital pelo tempo necessário para o tratamento adequado. “Se o trouxéssemos para Santa Marta, ele começaria a trabalhar como antes —sabemos disso”, disse Alfieri.

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