Eduardo Bolsonaro abandona a Câmara e roda os EUA por apoio contra Moraes

Eduardo Bolsonaro, durante discurso no CPAC, nos Estados Unidos. Foto: Saul Loeb/AFP

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) esqueceu suas obrigações parlamentares no Brasil e intensificou sua atuação nos Estados Unidos nas últimas duas semanas, em uma série de encontros com autoridades estadunidenses para discutir a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O objetivo do parlamentar, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é convencer políticos de que Moraes impõe “censura” e fragiliza a oposição no Brasil, em uma suposta “ditadura do Judiciário”, buscando apoio para possíveis sanções ao ministro e alívio nas acusações que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrenta.

Eduardo esteve com deputados republicanos, senadores e integrantes do Departamento de Estado, equivalente ao Ministério das Relações Exteriores, embora não tenha divulgado os nomes dos interlocutores. Esta foi sua terceira viagem aos EUA neste ano.

Na última, ele participou da Cpac (Conservative Political Action Conference), maior conferência de direita do mundo, na qual atacou Moraes e defendeu o pai. Anteriormente, esteve no país para a posse de Donald Trump e para reuniões com autoridades.

“A gente vai fazendo alertas, criando consciência. É isso que a gente tem feito aqui: batido de porta em porta. As portas estão abertas para nós. A gente está muito feliz com esse novo governo. Somos bem recebidos”, afirmou Eduardo à Folha.

A estratégia do parlamentar inclui pressionar por sanções como a cassação do visto de entrada nos EUA para o ministro. Ele acredita que isso poderia impactar a atuação de outros ministros do STF e, consequentemente, os processos contra Bolsonaro.

Na semana passada, a deputada republicana Maria Elvira Salazár reapresentou um projeto de lei que visa cassar o visto de autoridades estrangeiras que violem a Primeira Emenda, que garante a liberdade de expressão nos EUA. Eduardo argumenta que as decisões de Moraes, como a suspensão do X (ex-Twitter) no ano passado, se enquadrariam nesse caso.

Bolsonaro esteve com Maria Elvira e também se reuniu com o presidente do órgão equivalente à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos EUA, que se comprometeu a pautar o projeto para análise. Além disso, há a possibilidade de Trump tomar medidas executivas contra o magistrado, como já fez com o presidente do Tribunal Penal Internacional (TPI), sob o argumento de proteção a aliados dos EUA.

Trump, presidente dos EUA, recebeu o deputado Eduardo Bolsonaro. Foto: reprodução

Segundo a Folha, fontes próximas a Donald Trump afirmam que ele tem adotado cautela para evitar problemas nas relações bilaterais com o Brasil. Apesar das diferenças políticas entre Lula e o presidente norte-americano, o Brasil não é tratado como um país inimigo e mantém diversos acordos com os EUA.

“Você imagina, os ministros da Suprema Corte com muita frequência fazem palestras no exterior. Sem contar que vai ser uma mancha na imagem dele. Você imagina um ministro que é sancionado por uma questão de censura falar sobre liberdade num evento em Paris, em Berlim, em Londres. Não vai”, disse o deputado federal.

A atuação de Eduardo Bolsonaro ganhou destaque durante a Cpac, onde Trump agradeceu sua presença e pediu que ele enviasse um “oi” ao pai. No entanto, o ex-presidente americano não mencionou Moraes ou a denúncia contra Bolsonaro. O Brasil também foi citado no discurso do presidente argentino Javier Milei, que endossou teorias infundadas sobre fraude eleitoral no país.

O empresário Patrick Bet-David, dono de um podcast de direita nos EUA, dedicou 20 minutos de seu discurso na Cpac ao Brasil, pintando um cenário alarmista sobre supostas restrições à liberdade no país.

“A gente está indo nas pessoas certas que têm um interesse nessas pautas de América Latina, de liberdade de expressão, de preservação das liberdades, contra o ativismo judicial. Então a gente está se movimentando bastante. E essas pessoas têm acesso a autoridades”, afirmou Eduardo.

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