Carta das Forças Armadas fez golpistas do 8/1 se sentirem “seguros”, diz ÁUDIO

O tenente-coronel Mauro Cid e o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército. Foto: Reprodução

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou que a carta elaborada pelos então comandantes das Forças Armadas em 2022 fez com que golpistas acampados em frente ao Quartel General (QG) do Exército em Brasília se sentissem “seguros para dar um passo à frente” e invadirem a Praça dos Três Poderes, nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

A declaração do militar delator, obtida pela coluna de Fabio Serapião no Metrópoles, foi dada em um áudio enviado ao ex-chefe da Força, general Freire Gomes, em 11 de novembro de 2022.

“Só para passar a percepção dos movimentos populares que já estão entrando em contato: com a carta das Forças Armadas, que o pessoal elogiou muito, eles estão se sentindo seguros para dar um passo à frente”, diz o ex-aliado de Bolsonaro na gravação.

A carta citada por Cid é um comunicado assinado por Freire Gomes, Almir Garnier Santos (então comandante da Marinha) e Carlos de Almeida Baptista Júnior (da Aeronáutica) intitulado “Às instituições e ao Povo Brasileiro”. O texto defendia os direitos “de livre manifestação do pensamento; à liberdade de reunião, pacificamente; e à liberdade de locomoção no território nacional”.

Cid ainda afirma no áudio que os golpistas planejavam “canalizar todos os movimentos previstos” para o Congresso Nacional e o prédio do Supremo Tribunal Federal. “O que eles entenderam dessa carta? Que obviamente os movimentos vão ser convocados de forma pacífica e eles estão sentido o respaldo das Forças Armadas”.

Os bolsonaristas temiam uma “retaliação” de Alexandre de Moraes, ministro do STF, mas a carta dos comandantes foi interpretada como um sinal de que eles teriam apoio das Forças Armadas na Justiça.

“No entendimento deles, essa carta significa que as Forças Armadas vão garantir a segurança deles. Manifestação pacífica é livre. Então, se eles forem lá e forem presos, as Forças Armadas vão garantir a segurança deles”, completa Cid. Ouça:

Para a Polícia Federal, o áudio prova a existência de uma interlocução do governo Bolsonaro com as lideranças golpistas antes do ataque de 8 de janeiro de 2023 em Brasília.

“Percebe-se que, no dia 11 de novembro de 2022, já havia a intenção de que as manifestações fossem direcionadas fisicamente contra o STF e o Congresso Nacional, fato que efetivamente”, diz o relatório da corporação.

O áudio foi obtido por investigadores em celulares e outros aparelhos eletrônicos apreendidos dos investigados.

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