PM do Rio de Janeiro atira pelas costas em jornalista negro após falsa acusação e causa revolta nas redes

Igor de Melo em estádio, sorrindo e mostrando blusa do Botafogo
O jornalista Igor de Melo – Reprodução

O que aconteceu com Igor de Melo, jornalista e influenciador esportivo, no último domingo (23), na Penha, Zona Norte do Rio, não foi um caso isolado. Foi mais um episódio que evidencia a brutalidade da Polícia Militar, especialmente quando a vítima é um homem negro. Baleado pelas costas após ser acusado injustamente de roubo, Igor sobreviveu, mas perdeu um rim. O estrago está feito – e, como tantas outras vezes, pode ficar impune.

O roteiro é conhecido: um homem negro é apontado como criminoso, sem provas, sem qualquer chance de defesa. A polícia, ao invés de cumprir seu dever de investigar e garantir a segurança, age como tribunal e carrasco ao mesmo tempo. Igor não era suspeito. Era apenas um trabalhador que terminava seu expediente e voltava para casa, quando foi alvo da ação violenta e irresponsável de um agente do Estado. O resultado: uma bala nas costas e uma internação sob custódia, como se ele fosse o culpado pela violência que sofreu.

Sua esposa, Marina Moura, revelou ao jornal “O Dia” o absurdo da situação: Igor foi acusado por uma mulher visivelmente embriagada, segundo relatos. Isso foi suficiente para que um PM, sem qualquer comprovação, atirasse para matar. A presunção de culpa quando se trata de um homem negro é a regra. A polícia não hesita. Não questiona. Não investiga. Apenas atira.

O caso gerou indignação nas redes sociais, com jornalistas, torcedores do Botafogo, time para o qual Igor torce, e amigos defendendo a idoneidade de Igor. Mas quantos negros não têm essa rede de apoio e acabam mortos sem sequer ter seu nome lembrado? A política de segurança pública baseada na execução sumária segue firme e forte no Rio de Janeiro, alimentada pelo racismo estrutural que transforma qualquer negro em suspeito em potencial.

A PM do Rio de Janeiro, como de costume, silencia. Não há resposta, não há explicação, não há prestação de contas. O Estado age como se fosse normal alvejar um trabalhador pelas costas e depois vigiá-lo no hospital, negando visitas de familiares. Esse ciclo de violência precisa ser interrompido. Mas para isso, é necessário que a sociedade como um todo cobre justiça.

Igor sobreviveu. Mas e se não tivesse? Seria mais um nome na estatística dos mortos pela polícia. Um número. Uma nota fria nos jornais. Não podemos aceitar que ser negro e trabalhador seja, no Brasil, um risco de morte. Caso não houvessem câmeras na véspera das eleições de 2022, o que teria acontecido comigo?

A carne negra é a mais fraca do país para o estado. E isso me entristece.

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