Vibra (VBBR3) sofre no mercado de diesel com fraudadores da mistura de biodiesel

SÃO PAULO (Reuters) – A Vibra Energia (VBBR3), maior distribuidora de combustíveis do Brasil, afirmou nesta terça-feira que seus resultados no segmento de diesel estão sendo prejudicados pela concorrência desleal de empresas que não estão fazendo a mistura obrigatória de 14% de biodiesel.

Segundo o vice-presidente executivo de Finanças, Augusto Ribeiro Júnior, a “não mistura do biodiesel” por parte de algumas distribuidoras prejudicou as margens da companhia, numa conjuntura em que o biocombustível está mais caro que o diesel.

O CEO da Vibra, Ernesto Pousada, acrescentou que o problema, que afetou os resultados do quarto trimestre, continuou nos primeiros meses do ano.

“Já começamos a atuar, é problema recente. A ANP já fez autuações e estamos atuando em várias frentes”, disse Pousada em teleconferência para comentar os resultados trimestrais.

Um estudo recente do Instituto Combustível Legal (ICL) indicou que o ganho dos fraudadores com a não mistura foi estimado em R$0,37 por litro, em mercados como Paraná e São Paulo, onde as vendas suspeitas somaram cerca de 14% e 4% dos volumes de diesel em relação ao total, respectivamente.

No período analisado, de novembro a dezembro, o volume vendido de diesel suspeito de irregularidade na mistura no Paraná e São Paulo somou aproximadamente 200 milhões de litros, estimou o diretor do ICL Carlo Faccio.

Na semana passada, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou nota afirmando que autuou e interditou cautelarmente três distribuidoras de combustíveis, e apontou que fraudes no cumprimento da obrigatoriedade da mistura constavam da investigação.

Procuradas, associações representantes de distribuidores de combustíveis não comentaram o tema imediatamente.

“Há dois tipos de fraude, uma o cara simplesmente não mistura… e tem a fraude mais sofisticada, a compra da ‘bionota’, que para efeito da ANP é como se a distribuidora tivesse biodiesel, mas não há. Isso envolve uma usina corrupta, uma distribuidora e um trader corrupto”, afirmou uma fonte do setor de distribuição, na condição de anonimato.

A pessoa disse também que as fraudes aconteceram em um momento em que havia uma “vantagem econômica” de não usar o biodiesel.

“Essa vantagem diminuiu por conta do aumento do preço do diesel e também por conta de uma suave redução do preço do biodiesel, com a queda do óleo de soja (principal matéria-prima)”, afirmou. “Mas ainda existe a vantagem econômica, de máximo de 15 centavos por litro.”

A ANP está fiscalizando na medida do possível, considerando o quadro escasso de fiscais. “Denunciamos à ANP e aí a fiscalização sai a campo como ‘sniper’ (franco-atirador), ela vai dirigida para otimizar os recursos, e fechou três distribuidoras”, destacou a pessoa, que pediu para não ser identificada para falar livremente.

A Abiove, que representa tradings, processadores de soja e também empresas que produzem biodiesel, afirmou que está ciente do problema e que está trabalhando com outras entidades do setor e de distribuição para combater as fraudes.

Segundo o presidente da Abiove, André Nassar, uma mudança recente na legislação poderá ajudar no combate às ilegalidades, porque as distribuidoras serão obrigadas a informar estoques de biodiesel antes da autorização para receberem o diesel fóssil das refinarias e importadores.

“Estamos apostando nisso como algo que pode dar resultado”, afirmou Nassar, acrescentando que o setor também defende a integração de dados de volume do combustível com os de emissões de notas fiscais para melhorar a fiscalização, iniciativa que ainda precisa de autorização legal.

Outra frente é a melhoria da fiscalização nos postos pela ANP com equipamentos que testam o teor da mistura.

As questões sobre as fraudes surgem em momento em que o governo brasileiro suspendeu o aumento da mistura de biodiesel para 15% previsto para março, devido a questões relacionadas ao custo dos alimentos.

Procurada, a ANP não comentou o tema.

MELHORA DA VIBRA NO 1º TRI

Pousada também afirmou que, à medida que a chamada monofasia de impostos do etanol passa a valer este ano, há expectativa de aumento da rentabilidade, já que a mudança tributária deve reduzir a sonegação.

Ele espera que a empresa ganhe margens e participação de mercado em etanol.

Os executivos disseram também que a Vibra registra neste primeiro trimestre uma rentabilidade bem acima do quarto trimestre, que foi afetado por maior oferta de combustíveis e demanda do agronegócio abaixo do esperado, além de eventos extraordinários.

O vice-presidente executivo de Finanças afirmou que a empresa foi buscar redução de despesas e melhor otimização de capital de giro para minimizar os impactos das dificuldades, que incluíram as questões relacionadas ao biodiesel.

Para o ano de 2025 completo, Pousada afirmou que as ambições incluem novos recordes de Ebitda e uma aceleração da desalavancagem “com crescimento de volumes e mantendo o nível de margens”.

A estratégia será adotada em momento em que as companhias lidam com um custo mais alto do capital, com a alta de juros.

“A companhia em 2025 vai voltar bastante sua atenção e foco em redução de custos… tenho bastante confiança que o resultado virá de ações que estão mais sobre o nosso controle”, acrescentou ele, observando que o desempenho do mercado está muito associado à economia.

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