Coordenador do Prerrogativas sugere “pé-na-bunda” de ministros que não defendem Lula

Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Grupo Prerrogativas. Foto: reprodução

O advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do influente grupo de juristas progressistas Prerrogativas, defendeu o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e criticou ministros que, segundo ele, não se engajam suficientemente na defesa das políticas governamentais. Em entrevista ao Estadão, ele brincou que, após o programa Pé-de-Meia, Lula deveria lançar o “Pé-na-bunda” para demitir ministros que não estão comprometidos com a agenda do governo.

“Não dá para fazer uma defesa protocolar, restrita à própria pasta, aos interesses imediatos ou de um grupo político. Os ministros precisam sair dos seus cercadinhos. É inadmissível que um governo com tantas entregas não tenha uma avaliação compatível”, afirmou.

Carvalho, que se diz “lulofanático”, também saiu em defesa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e afirmou que as críticas internas ao titular da pasta têm como pano de fundo o debate sobre o pós-Lula, e não a agenda econômica. “É gente colocando o carro na frente dos bois”, disse.

O jurista ainda defendeu a primeira-dama, Rosângela da Silva, que tem sido alvo de ataques de integrantes do governo. “As críticas a ela escondem, além da dimensão machista e misógina, um ciúme não declarado, não confessado, do relacionamento que ela construiu com o presidente Lula. Todo mundo sente que é um pouco dono do presidente e quer estar mais perto dele”.

O jurista Marco Aurélio de Carvalho. Foto: reprodução

Questionado sobre as comparações entre a delação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, e as delações da Operação Lava Jato, Carvalho foi enfático: “Não há paralelo possível, essa é uma comparação equivocada e desonesta”.

Ele destacou que as delações não podem ser o único meio de prova e que devem ser acompanhadas de elementos que possam ser comprovados. “O que o ministro Alexandre de Moraes fez é meramente protocolar. Ele apenas reforçou que o Mauro Cid tinha garantias legais, mas que, se mentisse, elas não valeriam para ele nem para seus familiares”.

Carvalho também rebateu a ideia de que a delação de Cid seja frágil. “A delação dele é bastante coerente e relata fatos já comprovados nas investigações policiais e judiciais sobre o 8 de Janeiro. Ele mencionou a minuta do golpe, que existe e foi apreendida. Diz também que havia um plano em curso para matar Lula, Alckmin, Alexandre de Moraes e uma quarta pessoa não identificada. Há vídeos mostrando pessoas em posições estratégicas para executar o plano”.

O jurista criticou a declaração do ministro da Defesa, José Múcio, de que o golpe não se consumou graças aos militares. “Não é verdade. É uma visão romântica e muito equivocada. Parte dos militares conspirou para que houvesse golpe. Não teve golpe porque as instituições reagiram à altura e porque o Brasil tem importância estratégica no mundo. Não há mais espaço para golpes no modelo tradicional, com armas e tanques.”

Sobre a carta aberta de Kakay, também integrante do Prerrogativas, que criticou Lula por não fazer política no terceiro mandato, Carvalho disse ter recebido o texto com surpresa.

“Nenhum de nós esperava que ela fosse veiculada, nem que tivesse a repercussão que teve”. Ele destacou que Lula, mesmo em recuperação de uma cirurgia, manteve uma agenda intensa, incluindo reuniões com lideranças políticas e visitas a quatro estados. “Ele segue fazendo política 24 horas por dia. A carta foi usada para atacar a primeira-dama, o que é injusto”.

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