Prestes a perder passaporte, Eduardo Bolsonaro zomba do STF: ‘Só paro se cortarem minha língua’

Eduardo Bolsonaro, em vídeo publicado neste sábado (1º), critica a possibilidade de ter o passaporte retido e diz que continuará atacando o ministro Alexandre de Moraes, mesmo sob risco de investigação. Foto: Reprodução

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou neste sábado (1º) um vídeo em suas redes sociais para se defender sobre a possibilidade de ter o passaporte retido por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

A medida foi solicitada pelo PT e pelos deputados Lindbergh Farias (PT-RJ) e Rogério Correia (PT-MG), que alegam que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro está envolvido em ações para constranger a mais alta Corte brasileira.

“Vocês estão vendo que a minha atividade no exterior é basicamente denunciar os fatos que acontecem no Brasil”, afirmou o golpista no vídeo. Segundo as representações apresentadas ao ministro Alexandre de Moraes, Eduardo teria articulado, em solo americano, retaliações e pressões contra o STF, o que configuraria possíveis crimes de obstrução de investigação, coação no curso do processo e atentado à soberania.

Em tom exaltado, Eduardo voltou a atacar Moraes e disse que prosseguirá com críticas, mesmo sob risco de ter o documento de viagem apreendido.

“Vou continuar denunciando o Alexandre Moraes. Tem que cortar minha língua, Alexandre Moraes, para fazer eu parar”, declarou, insinuando que o ministro estaria agindo de forma abusiva ao abrir a possibilidade de investigar as viagens do deputado aos Estados Unidos.

As notícias crime que motivaram a análise da Procuradoria-Geral da República (PGR) chegaram às mãos de Moraes na quinta-feira (27).

Agora, o órgão comandado por Paulo Gonet tem cinco dias para se manifestar.

Caso a PGR considere pertinentes as acusações, o ministro do STF poderá decidir por reter o passaporte de Eduardo, impedindo-o de sair do país enquanto durarem as investigações.

Eduardo Bolsonaro também questionou a legitimidade da iniciativa:

“A autoridade que está sendo criticada, que se diz vítima, é o mesmo que vai pedir uma investigação contra mim para me colocar dentro de algum inquérito?”, disse o deputado, em aparente alusão ao fato de que Alexandre de Moraes seria alvo das supostas “retaliações” planejadas no exterior.

O parlamentar, no entanto, não nega que esteja atuando em frentes internacionais para divulgar o que chama de “atropelos à imunidade parlamentar” no Brasil.

Ele menciona o caso do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, preso, e as investigações sobre as manifestações antidemocráticas de 8 de janeiro para justificar a sua suposta “denúncia ao mundo” do que ocorreria no país.

A postura de Eduardo Bolsonaro, contudo, reforça as suspeitas apontadas pelos autores das notícias crime: para os deputados do PT, o filho do ex-presidente teria passado a se dedicar a questionar e tentar enfraquecer as instituições brasileiras.

As declarações e provocações contra Moraes podem servir de combustível para o inquérito sigiloso que mira atos antidemocráticos, intensificando o risco de o parlamentar ter o passaporte retido.

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