Walter Salles alerta para a “fragilização da democracia no mundo”: “Não esperava ver tão cedo”

O cineasta Walter Salles alertou para a fragilização da democracia no mundo durante entrevista coletiva em Los Angeles, na segunda-feira (3), um dia após o Oscar. Seu filme ‘Ainda Estou Aqui’, vencedor na categoria de Melhor Filme Internacional, levantou debates sobre autoritarismo e direitos humanos. “Estamos vivendo algo que eu não esperei ver tão cedo. É um processo de fragilização crescente da democracia que está se acelerando cada vez mais”, afirmou Salles.

O diretor destacou que muitos espectadores enxergaram paralelos entre o filme e a realidade política dos Estados Unidos. ‘Ainda Estou Aqui’ retrata os impactos da ditadura militar brasileira, e sua mensagem ressoou com o público americano, que vê agora investidas do presidente Donald Trump contra direitos humanos. “Não é só aqui. De uma certa forma, isso ecoa o perigo autoritário que hoje grassa no mundo todo”, disse. Ao seu lado, os atores Fernanda Torres e Selton Mello reforçaram a importância da arte como forma de resistência.

Durante a coletiva, Salles enfatizou o papel do jornalismo e da cultura na defesa da democracia. “O jornalismo investigativo, a literatura, a música, o cinema, todas as formas de expressão tornam-se fundamentais para combater isso”, declarou.

Ele também lembrou momentos da cerimônia do Oscar e revelou que havia preparado um discurso, mas não conseguiu encontrá-lo ao subir ao palco: “Coloquei e fiquei de óculos sem ter o que ler”.

“Tentei achar as notas que eu tinha e não encontrei. Eu fiquei com o óculos sem ter o que ler. Eu começava agradecendo o cinema brasileiro e terminava falando que os governos autoritários surgem, mas somem no esgoto da história.” (Walter Salles) pic.twitter.com/04YuqlgLiN

— Sérgio Santos (@ZAMENZA) March 4, 2025

Fernanda Torres, indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua atuação no filme, comentou sobre o impacto da obra. “Todo mundo diz o quanto o filme parece real, que parece uma família de verdade”, disse.

Já Selton Mello, que interpretou Rubens Paiva, ressaltou a carga emocional do papel. “Meu Deus, um homem que foi levado de casa e assassinado pelo Estado. E eu o trouxe para viver de novo”, declarou emocionado.

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