Carnaval 2025 Afoxés e escolas de samba encerram o Carnaval da Av. Domingos Olímpio Além da avenida, a folia se estendeu por mais outros seis polos na cidade

A Avenida Domingos Olímpio, tradicional ponto de folia, foi um dos palcos do encerramento do Carnaval de Fortaleza nessa terça-feira (04/03). O cortejo de afoxés e escolas de samba marcou o último dia de festa, levando cor, ritmo e tradição para o público presente.

Desde o último sábado, a avenida recebeu diversos grupos que apresentaram o trabalho preparado especialmente para a ocasião. Para abrir o último dia, foi a vez da estreante Pavão Misterioso, que desfilou com o enredo Sol e Chuva, o Casamento da Viúva. Carlos Alves, presidente da agremiação, não conteve a emoção ao estrear a nova escola na avenida.

“É emocionante. A gente passa por muitos perrengues, tem que ter jogo de cintura, mas, na hora do desfile, tudo vale a pena. Estou trabalhando desde maio na preparação da escola. Desde então, temos ensaiado e nos organizado. Esse enredo fala sobre um fenômeno natural: quando chove e faz sol ao mesmo tempo. Quero passar essa mensagem de forma ecológica, mostrando também o que vem depois — a colheita, a fartura. Essa é a ideia.”

Quem também marcou presença pela primeira vez foi a publicitária Luiza Gabriela, que, apesar de fortalezense, só agora despertou o interesse pelo carnaval da avenida.

“Todo ano eu costumo passar o carnaval fora. Este ano, fiz uma viagem rápida e resolvi conhecer o carnaval de Fortaleza. Nunca tinha vindo antes e tinha muita curiosidade. Estou achando lindo, maravilhoso. Muita gente da própria cidade acaba não aproveitando porque, às vezes, nem tem informação sobre a festa. Vi uma divulgação no Instagram, fiquei em dúvida se vinha ou não, mas decidi conhecer.”

Mais uma estreante foi Kilvia Freitas, convidada para ser a porta-bandeira da Pavão Misterioso. “Sou estreante, junto com a escola. Eu estou emocionada. Amei estar aqui na avenida. Esta última semana de ensaios foi muito puxada, mas consegui, saí e mostrei minha cara. Estou muito feliz com o resultado e nem sei explicar minhas emoções.”

Na parte dos afoxés, quem abriu foi o Afoxé Obà Sà Rewa. Vinicius Ferraz, produtor do grupo, contou que o carnaval é um momento de festa, mas também espiritual, de celebração da cultura africana.

>>>SIGA O YOUTUBE DO PORTAL TERRA DA LUZ <<<

“Nós somos um cortejo negro que sai de um terreiro de Candomblé no Mondubim, o Ilê Axé Olor Judolá. Neste ano, estamos saudando o orixá Logum, que é jovem, filho de Oxóssi e Oxum. Ele traz para a avenida a energia do ritmo Ijexá, um ritmo afro incorporado ao Brasil e fundamental para o desenvolvimento de várias variações das danças brasileiras.”

“O Afoxé reúne pessoas do Candomblé e da Umbanda, mas também é ecumênico, acolhendo pessoas de diferentes religiões que compartilham da luta contra o racismo e a intolerância religiosa. Nossa missão é promover respeito e união. O Carnaval não é só uma festa do corpo, mas também da espiritualidade”, concluiu.

Quem também celebrou o caráter de diversidade religiosa da festa foi o casal Walquiria e Claude Fernier. Ela, natural de Juazeiro do Norte, na região do Cariri, e ele, francês, mas residente há mais de 20 anos no Brasil.

“Sempre venho. É muito importante, é a nossa cultura. Acho essencial que as pessoas participem mais, porque faz parte da nossa identidade. Acho fundamental! A Avenida Domingos Olímpio já tem essa tradição, e espero que esse evento continue. É algo muito familiar, muito importante. Mas acho que a população deveria se engajar mais”, celebrou Walquiria. “É uma cultura muito viva, eu acho incrível e faz parte das raízes das pessoas daqui, é algo a ser celebrado”, completou o esposo.

Pérola de Oyá também comentou sobre a importância de poder expressar abertamente as raízes africanas da festa, celebrando os orixás e as liturgias do candomblé. Este ano, ela desfilou representando a orixá Iemanjá no Afoxé Acabaca. “Para mim, que sou da religião de matriz africana, é muito satisfatório. Este é o décimo ano que desfilo no Afoxé Acabaca representando Iemanjá, que é a patrona da escola. Fico muito feliz em contribuir com o Afoxé e em representar minha mãe Iemanjá todos os anos.”

“A cada ano, estamos reafirmando nossa religião, algo que, por muito tempo, tivemos que esconder. Hoje, as pessoas estão assumindo com orgulho sua fé nas religiões de matriz africana. É uma representatividade muito grande para mim, que sou do Candomblé, filha de Oyá”, completou.

Também celebrando a democratização da festa e relembrando os povos originários, João Hugo Costa, presidente do Afoxé Oxum Odolá, contou que, este ano, o grupo decidiu celebrar os Pitaguary, povo indígena que habita diversas localidades do Ceará, principalmente nos municípios de Maracanaú e Pacatuba, e que teve o reconhecimento de suas terras em 2006.

“No Afoxé, entendemos que viemos de uma casa — uma casa de Candomblé, de religião de matriz africana. A casa à qual o Afoxé pertence reconhece a importância dos povos originários para a cultura do Brasil, do Nordeste e do nosso estado. Por isso, este ano decidimos homenagear os povos indígenas, os verdadeiros donos da terra.”

Festa democrática e descentralizada

O caráter festivo e democrático do Carnaval de Fortaleza também foi celebrado pelo prefeito Evandro Leitão, que destacou a política de descentralização da festa. Este ano, a capital cearense contou com 20 polos de folia espalhados por todas as 12 regionais da cidade.

“Nossa avaliação é extremamente positiva, desde o início, com a descentralização do ciclo carnavalesco. O pré-carnaval levou alegria para praticamente todos os territórios de Fortaleza e agora culminamos com essa bela festa aqui na Domingos Olímpio. Isso é fruto do trabalho da nossa secretária da Cultura (Secultfor), Helena Barbosa, mas também da população fortalezense, que está prestigiando esse grande evento.”

Helena Barbosa, titular da Secultfor, também avaliou positivamente o Ciclo Carnavalesco e pontuou que a descentralização da cultura será uma política contínua, feita a partir de um contato direto com os artistas da cidade.

“Foi uma realização muito bem-sucedida. Tivemos pouco tempo para a execução, mas, com a união de esforços da Prefeitura, das secretarias municipais e do Instituto Iracema, conseguimos alcançar um excelente resultado. Esse trabalho conjunto foi essencial para o sucesso do evento.”

“Temos feito avaliações semanalmente, tanto da parte operacional quanto da logística. Também analisamos a estrutura dos editais para os artistas. Já estamos planejando convocá-los para discutir conosco as melhores estratégias para tornar o Carnaval de Fortaleza ainda mais eficiente, mantendo a descentralização que deu tão certo para todos”, celebrou a secretária.

Outros polos

Além do desfile de afoxés e escolas de samba, nessa terça-feira (04/03), houve programação nos polos do Benfica, no Mercado dos Pinhões, no Largo da Mocinha, no Passeio Público, no Parque Rachel de Queiroz e no Aterrinho da Praia de Iracema, que contou com show de Gaby Amarantos e Margareth Menezes.

Leia também| Circo Kroner prorroga temporada e apresenta “Disney Magic Show”

Programa Circo Kroner prorroga temporada e apresenta “Disney Magic Show”

The post Carnaval 2025 Afoxés e escolas de samba encerram o Carnaval da Av. Domingos Olímpio Além da avenida, a folia se estendeu por mais outros seis polos na cidade first appeared on Portal Terra da Luz.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.