JPMorgan corta Magalu a venda, cita preferidas e alerta para short squeeze de 5 ações

Apontando a volatilidade ainda elevada para as varejistas brasileiras, os analistas do JPMorgan revisaram o setor e rebaixaram a recomendação para as ações do Magazine Luiza (MGLU3) de neutro para underweight (exposição abaixo da média do mercado, ou equivalente à venda). O preço-alvo também foi reduzido, passando de R$ 11,50 para R$ 7,50, ou um potencial de valorização de apenas 3% em relação ao fechamento da véspera.

O banco vê o Magalu como uma empresa altamente alavancada e com risco de queda significativo de lucro por ação. Isso em meio a um ambiente desafiador para consumo discricionário adicionado a uma competição acirrada de players de comércio eletrônico puro.

Para o setor em geral, os analistas do banco apontam que, apesar da grande redução de preços vista ao longo de 2024, com a maioria das empresas negociando abaixo de um múltiplo de 10 vezes o múltiplo de preço sobre lucro (P/L) futuro, há um potencial de alta baixo em meio a uma perspectiva macroeconômica turva, o que se adiciona a ruídos específicos da empresa.

Assim, neste contexto, os efeitos no momentum e nas revisões dos lucros de curto prazo estão sendo ampliados, como visto até agora na temporada de resultados do 4T24.

Com isso, o banco separa suas recomendações mais positivas (overweight) em duas cestas principais: 1) longo prazo, mas que podem não ter os principais catalisadores de curto prazo, dados os valutations premium e catalisadores limitados num prazo mais curto; e 2) cases com valuations pouco esticados, ampliados por preocupações com a execução, mas com balanços sólidos e crescimento decente.

Na primeira cesta, o banco destaca a RD Saúde (RADL3) e Smart Fit (SMFT3), vendo dois consolidadores do setor que ostentam balanços sólidos, execução superior aos pares e sólidos catalisadores do setor no longo prazo.

Na segunda cesta, a equipe de análise do JPMorgan ressalta as preferências com a seguinte hierarquia: Natura&Co (NTCO3), Lojas Renner (LREN3), Vivara (VIVA3) e Azzas 2154 (AZZA3) vendo o preço de mercado em um cenário de baixa enquanto a perspectiva de curto prazo é provavelmente melhor do que o previsto.

Além disso, continuamos a evitar nomes altamente alavancados, como Assaí (ASAI3, com recomendação neutra), o próprio Magazine Luiza e também o GPA (PCAR3, com recomendação underwerweight).

Confira as recomendações do JPMorgan para o setor de varejo:

Natura&Co (NTCO3)

A recomendação segue overweight, com o preço-alvo cortado de R$ 24,50 para R$ 21. O banco ressalta que os resultados sólidos de curto prazo adicionados a uma maior simplificação de negócios e cashback incremental.

“Continuamos acreditando que a Natura será, novamente, uma ação com desempenho acima da média em 2025. Diferente de outros varejistas e nomes de consumo, acreditamos que as melhorias operacionais da empresa são mais dependentes de iniciativas internas do que macro”, avalia. Embora a separação da Avon seja provavelmente o próximo grande catalisador junto com os resultados operacionais, vê a empresa sendo negociada a 11 vezes o preço sobre lucro esperado para 2025 se olhar apenas para as operações na América Latina, enquanto comanda um dos maiores rendimentos de fluxo de caixa livre em sua cobertura, que deve ser gradualmente traduzido em dividendos.

Lojas Renner (LREN3)

O banco segue overweight, ainda que cortando o preço-alvo de R$ 17,50 para R$ 15. Para os analistas, 2025 provavelmente começou em um tom melhor, com os resultados de curto prazo potencialmente ajudando a diminuir o ruído.

Ainda que persistam dúvidas sobre o ritmo de crescimento de médio e longo prazos da empresa, acreditam que a liquidação pós-4T24 foi exagerada.

Vivara (VIVA3) e Azzas 2154 (AZZA3)

Ambas com recomendação overweight, a Vivara teve o preço-alvo cortado de R$ 33,50 para R$ 27, enquanto AZZA3 foi cortada de R$ 64 para R$ 41. Para os analistas, os ruídos de governança desaparecem à medida que resultados melhores se materializam, com ambos os cases ostentando balanços sólidos.

No entanto, os lucros são altamente dependentes de incentivos fiscais, o que reduz a qualidade deles, principalmente para o segundo, pois os incentivos da VIVA são mais protegidos devido à “Zona Franca da Amazônia”. Ainda assim, apesar das discussões persistentes sobre incentivos fiscais, principalmente na Azzas, não os vê como os principais impulsionadores do curto prazo.

Ambas as empresas têm enfrentado revisões de lucro por ação para baixo em meio a problemas macro e de execução mais desafiadores. E, no contexto de mudanças de gestão (ou risco de) e preocupações com governança, essas revisões estão sendo ampliadas. Enquanto isso, ambas devem imprimir crescimento de receita de dois dígitos adicionado aos ganhos de margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita liquida) esperado para 2025.

Assim, vendo as empresas sendo negociadas a múltiplos atrativos, acredita que as duas ações devem ter um bom desempenho ao longo do 1S25, à medida que os temores em torno de mudanças de governança/gestão desaparecem com a confirmação de tendências de melhoria gradual.

RD Saúde (RADL3) e Smart Fit (SMFT)

As duas empresas também contam com recomendação overweight, com preço-alvo de R$ 23 para RADL3 e de R$ 30 para SMFT3. O banco ainda gosta da exposição aos componentes de crescimento de longo prazo, embora seja improvável que as principais ações de curto prazo superem o desempenho devido a catalisadores limitados.

“Embora seja improvável que sejam as ações com o momento de curto prazo mais forte, acreditamos que nomes de qualidade – ou seja, aqueles com execução sólida e resiliência de balanço que suportam boa visibilidade no médio e longo prazos – provavelmente permanecerão como participações essenciais para os investidores, mesmo no contexto em que eles carregam uma avaliação premium para a indústria”, avaliam os analistas.

O JPMorgan continua a favorecer a RD Saúde, dadas suas sólidas perspectivas de crescimento de lucro por ação, apoiadas por catalisadores seculares por trás de seu setor, histórico sólido e balanço patrimonial robusto, somados a um cenário competitivo potencialmente mais fraco e escala materialmente maior. Além disso, após a alta volatilidade do preço das ações após os resultados do 4T24 que ficaram abaixo das expectativas, vê a liquidação mais do que exagerada com os níveis de preço atuais oferecendo um ponto de entrada aprimorado.

Também inclui a Smart Fit nesta cesta, dada a proposta de valor superior, escala, histórico de execução sólida e a oportunidade de crescimento significativa na América Latina.

Grupo Mateus (GMAT3), Carrefour Brasil (CRFB3), Assaí (ASAI3) e GPA (PCAR3)

Para o banco, não há muito a fazer no varejo de alimentos – a preferência relativa permanece no Grupo Mateus (com recomendação neutra).

Na visão do JPMorgan, não há sinais materiais de melhorias nos fundamentos de curto prazo. A inflação elevada de alimentos continua a reduzir/diminuir os volumes de negociação, enquanto a inflação geral continua a subir. Além disso, as expectativas são de que a lacuna entre a inflação de alimentos e a inflação geral deve diminuir à medida que a primeira desacelera primeiro.

Magazine Luiza (MGLU3)

Em destaque nas mudanças de recomendação, esteve o Magazine Luiza, com recomendação caindo para equivalente à venda (underweight).

À medida que atualizam suas estimativas, os analistas veem riscos significativos de queda no lucro por ação da empresa decorrentes de sua alta alavancagem, taxas mais altas, bem como demanda limitada por itens discricionários de alto valor.

Além disso, a concorrência de players de comércio eletrônico puro continua acirrada, com os pares superando materialmente o crescimento da empresa. À medida que cortam a projeção de lucro por ação em 75% para 2025 e em 55% para 2026, reduziram o preço-alvo vendo potencial de alta limitado. Com isso, veem as ações sendo negociadas com prêmio em relação a outros pares do varejo.

Confira as recomendações para as varejistas:

Recomendações do JPMorgan do varejo (OW – Overweight; N – neutro; UW – underweight)

Cuidado com o short squeeze

O banco ainda faz um alerta sobre os riscos de short squeeze para algumas ações. O short squeeze (ou “aperto curto”, na tradução literal) é um movimento repentino de alta no preço de uma ação. Isso acontece quando muitos investidores que venderam a descoberto (short) precisam comprar as ações de volta para cobrir suas posições.

Para os analistas do JPMorgan, há cinco nomes em sua cobertura que ostentam altas taxas de aluguel a descoberto, o que, apesar de não estar tão próximo de suas máximas como no passado recente, sugere riscos aumentados de um risco de short squeeze.

Nos nomes com classificação overweight, estão Azzas 2154 e Smart Fit. No lado com classificação underweight, veem as alavancadas Magazine Luiza e GPA figurando como nomes altamente vendidos a descoberto.

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