Lula articula acordo e mina candidatura de paraguaio próximo a Trump na OEA

O presidente do Paraguai, Santiago Peña, anunciou nesta quinta-feira (6) a retirada da candidatura do ministro das Relações Exteriores, Rubén Ramírez Lezcano, para a Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), cuja eleição está marcada para 10 de março. No comunicado oficial, Peña não escondeu a decepção pela “forma abrupta e inexplicável” que aliados no continente – Brasil, Uruguai, Bolívia, Chile e Colômbia – romperam um acordo de apoio a Lezcano.

Na terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou o respaldo à candidatura de Albert Ramdin, Ministro de Relações Exteriores do Suriname, para liderar o organismo no período 2025-2030, “após cuidadosa análise das propostas apresentadas à OEA”.

A imprensa do Paraguai e da Argentina atribuem a mudança de posição dos parceiros a uma articulação de Lula, que foi finalizada durante um jantar em Montevidéu durante a estadia do presidente brasileiro para prestigiar a posse de Yamandú Orsi como presidente do Uruguai.

Segundo as fontes desses veículos, Lula fez o movimento junto a Orsi, ao colombiano Gustavo Petro e o chileno Gabriel Boric devido à aproximação cada vez maior não só de Lezcano como do governo paraguaio com a gestão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que estaria buscando um espaço de maior influência na OEA.

Para o governo brasileiro, o ministro Ramdin, com sua vasta experiência na diplomacia, incluindo seu prévio papel como Secretário Geral adjunto da OEA, “está em uma posição única para enfrentar os desafios contemporâneos para nossos países, ao oferecer uma nova perspectiva que reflita as realidades e aspirações do Caribe e da América em seu conjunto”.

A nota do Itamaraty completa que esta decisão “representa um passo significativo da região na direção da unidade, no atual contexto geopolítico, e também uma oportunidade histórica para a o Caribe, que pela primeira vez poderá liderar esse importante espaço de integração hemisférico.”

Apoios e reações

Segundo o jornal ABC Color, quando se tornou conhecido o apoio conjunto de Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia e Uruguai, alguns países indecisos, como Costa Rica, Equador e República dominicana, se curvaram à posição defendida por Lula.

“Esse apoio reflete o compromisso com a unidade regional, o fortalecimento do multilateralismo e a consolidação das instituições democráticas nas Américas, em um momento crucial para sua estabilidade e desenvolvimento”, disseram em nota esses governos.

Após esse movimento diplomático, Canadá, Guatemala e México revelaram que também votariam no ministro das Relações Exteriores do Suriname.

Inconformado com o que considerou uma quebra de compromisso, o paraguaio Santiago Peña assinou uma  nota dizendo que “países amigos da região”, com os quais compartilham um espaço e uma história comuns, “modificaram seu compromisso inicial com nosso país e decidiram não acompanhar finalmente a proposta do Paraguai”.

“O Paraguai, ao longo de sua rica história, tem sido um país que sempre baseou suas posições nesses altos princípios e valores, e não renunciará a eles em uma determinada eleição ou conjuntura”, argumentou.

Ao jornal paraguaio, o senador e analista Eduardo Nakayama argumentou que as últimas decisões do governo dos Estados Unidos, como a imposição de tarifas aos vizinhos e a intenção de estender essas medidas a outros países, influenciaram a inclinação de alguns governos sul-americanos em direção a um candidato com uma visão diferente, que fosse um contrapeso.

Ele também destacou que os políticos paraguaios cometeram erros estratégicos em sua candidatura. “Tentar mediar entre os blocos não foi a melhor estratégia. “Acho que a viagem para a posse de Donald Trump foi um erro”, disse Nakayama, para quem a candidatura de Ramírez Lezcano para ministro das Relações Exteriores perdeu pontos ali.

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