Lucros do S&P 500 crescem e superam projeções no 4T, mas empresas elevam cautela

Os números da temporada de balanços do quarto trimestre de 2024 (4T24) das empresas do Standard & Poor’s 500 (S&P 500) mostram um crescimento expressivo do lucro por ação (LPA), com avanço de 17,9% na comparação anual, superando as projeções iniciais de 11,1%. Esse desempenho marca o sexto trimestre consecutivo de alta e representa o maior avanço desde o pós-pandemia, no quarto trimestre de 2021, segundo análise da XP Investimentos em relatório.

As empresas do S&P 500 são as 500 maiores companhias de capital aberto listadas nas bolsas de valores dos Estados Unidos (Nyse e Nasdaq), selecionadas com base em critérios como capitalização de mercado, liquidez e setor de atuação. O índice S&P 500 é um dos mais importantes do mercado financeiro global porque representa uma amostra diversificada da economia americana. Fazem parte dessa lista empresas como a Microsoft, Apple, Amazon, Nvidia, entre outras.

Diferentemente dos últimos anos, a maior parte desse crescimento veio das chamadas “outras 492” empresas do índice, que excluem as gigantes de tecnologia. Pela primeira vez em dois anos, esse grupo teve uma contribuição maior para a expansão dos lucros do que as Big Techs. A participação dessas empresas no avanço do LPA foi de 10,8 pontos percentuais, enquanto as grandes companhias de tecnologia responderam pelo restante.

Apesar do resultado expressivo, a cautela foi um dos pontos centrais das teleconferências de resultados, conforme ressalta a XP. Muitos executivos citaram preocupações com tarifas comerciais e os efeitos da valorização do dólar sobre os lucros futuros. Isso levou a uma revisão para baixo das projeções de LPA para o primeiro trimestre de 2025 (1T25), que caiu de US$ 62,46 para US$ 60,17, uma redução de 3,6%. Para o ano, a estimativa foi ajustada de US$ 272,32 para US$ 269,21.

Os analistas calculam que o setor financeiro liderou o crescimento dos lucros, com uma alta de 56,2%, seguido pelo setor de comunicações (29,6%) e pelo consumo discricionário (27%). No geral, todos os setores registraram crescimento acima do esperado no início da temporada de balanços.

Em termos de surpresas nos resultados, os estrategistas dizem que 55% das empresas superaram as previsões de receita, com uma média de 1% acima das estimativas, enquanto 74% das companhias reportaram lucros melhores do que o esperado, com uma média de 7,4% acima das projeções.

No setor de tecnologia, a XP analisa que 66% das empresas tiveram receitas acima do previsto e 79% superaram as expectativas de lucro. O segmento continua sendo impulsionado pelo crescimento da inteligência artificial, com a Nvidia registrando mais um trimestre forte, apesar de um guidance de margem bruta abaixo do esperado.

A AMD, por outro lado, apresentou uma surpresa negativa de 5,8% na receita de data centers. Empresas como Qualcomm, Intel, ARM, TSMC e ASML superaram as previsões do mercado, com destaque para essa última, que teve um crescimento de 101% nas encomendas, impulsionado pela demanda por soluções de IA.

Entre as big techs, a Apple surpreendeu positivamente, destacando a Índia como um mercado promissor, embora tenha enfrentado dificuldades na China, onde sua receita ficou 14,2% abaixo do esperado. A Microsoft superou as projeções gerais, mas não atingiu as expectativas para o crescimento da Azure, sua plataforma de computação em nuvem.

O setor de saúde também se destacou, segundo a XP Investimentos, com 71% das empresas reportando receitas acima do esperado e 76% superando as previsões de lucro. Companhias como UnitedHealth e Walgreens conseguiram reduzir custos operacionais e registraram bons resultados. A CVS, por sua vez, enfrentou um aumento na sinistralidade, o que afetou sua rentabilidade.

Para este ano, o mercado ainda projeta um crescimento de lucros para as empresas do S&P 500, mas em ritmo menor do que o inicialmente esperado. As estimativas atuais indicam um avanço de 12,1% no LPA, abaixo dos 14,5% previstos anteriormente. A base de comparação mais elevada, após um 2024 forte, e as incertezas macroeconômicas, incluindo o cenário político nos Estados Unidos, são fatores que têm levado analistas a ajustes mais conservadores.

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