O automartírio do Bananinha. Por Reynaldo Aragon

O deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Adriano Machado/Reuters

Nada de desespero, tudo estratégia. Eduardo Bolsonaro não está em pânico com a iminente prisão do pai. Ele segue um roteiro bem ensaiado: se colocar como perseguido para assumir o posto de herdeiro da extrema-direita. O vitimismo não é apenas um recurso retórico, mas um pilar estratégico para manter a base bolsonarista mobilizada e garantir relevância política. A cartilha é conhecida: inverter a realidade, pintar criminosos como vítimas e transformar investigações legítimas em conspirações políticas. No fundo, não se trata de resistência, mas de reposicionamento no jogo do poder.

Eduardo não age como um político brasileiro, mas como um operador da extrema-direita americana no Brasil. Ele não apenas importou o discurso trumpista, mas também suas práticas de manipulação informacional, fabricação de inimigos e sabotagem institucional. Seus laços com Steve Bannon e setores ultraconservadores dos EUA garantem apoio logístico e midiático para sustentar sua narrativa de perseguido político. No Congresso, sua atuação é secundária; seu verdadeiro papel é manter o Brasil atrelado à agenda da extrema-direita global.

O bolsonarismo não admite erros, apenas perseguição. Se um de seus líderes enfrenta a Justiça, não é porque cometeu crimes, mas porque está sendo “caçado” por um suposto sistema opressor. Eduardo Bolsonaro encarna essa lógica à perfeição. Ele repete incessantemente que o Brasil vive sob uma ditadura, ignorando que seu próprio grupo atacou a democracia em diversas frentes. Essa tática de automartírio não é nova, mas tem um objetivo claro: blindá-lo politicamente e manter sua base mobilizada no ódio a instituições democráticas.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Foto: Joyce N. Boghosian/Casa Branca

Com Jair Bolsonaro desgastado, inelegível e muito próximo da prisão, Eduardo quer ocupar o espaço vago. Mas, para isso, precisa construir uma identidade política própria. Ele copia Donald Trump Jr. na retórica agressiva e na performance de “vítima do sistema”. No entanto, há um problema: sem o carisma tosco do pai e sem uma trajetória minimamente relevante além do sobrenome, sua ascensão não é automática. Por isso, ele precisa de um suporte mais sólido. E é aí que entram os EUA.

A extrema-direita americana vê no Brasil um laboratório de guerra híbrida e não esconde seu apoio a figuras como Eduardo Bolsonaro. Think tanks ultraconservadores, políticos republicanos e aliados do trumpismo garantem que sua narrativa de “perseguido” seja amplificada internacionalmente. Essa sustentação externa não é casual: manter o Brasil sob influência dos EUA é essencial para a agenda imperialista. O objetivo é impedir que o país recupere seu protagonismo global e que volte a atuar de forma soberana em blocos como o BRICS. Eduardo, ao se posicionar como peça-chave desse jogo, age como um agente da submissão nacional.

O cenário se agrava com a ofensiva das Big Techs contra a Justiça e o governo brasileiro. As plataformas digitais, que há anos operam como trincheiras da desinformação e do extremismo político, resistem a qualquer tentativa de regulação. Esse embate não é apenas jurídico, mas geopolítico: garantir o controle do ecossistema informacional do Brasil significa manter o país vulnerável à manipulação estrangeira. Eduardo Bolsonaro, ao ecoar o discurso de “censura” das grandes corporações, fortalece essa guerra contra a soberania nacional e torna o jogo ainda mais perigoso.

Eduardo Bolsonaro não é um patriota, mas um operador da desestabilização. Seu vitimismo fabricado é uma engrenagem na guerra híbrida, cujo objetivo final é manter o Brasil refém dos interesses estrangeiros. Sua postura antinacionalista e sua disposição para servir como ponte entre o trumpismo e o bolsonarismo fazem dele uma ameaça à soberania brasileira. Se o país quiser recuperar seu protagonismo global, precisa rejeitar esses operadores do atraso e romper de vez com essa lógica de vassalagem política.

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