Investimento da Méliuz em Bitcoin gera cautela entre analistas

Analistas ainda veem com cautela a alocação de 10% do caixa da Méliuz (CASH3) em Bitcoin anunciada nesta quinta-feira (6). Relatórios publicados após o anúncio levantam receio sobre a coerência estratégica da companhia e a volatilidade que pode ser causada pela exposição ao criptoativo, em movimento inédito no mercado brasileiro.

Uma análise publicada pela XP alerta para uma desconexão da política de caixa com os objetivos operacionais da companhia, “criando incertezas sobre sua eficácia e levantando questões sobre a capacidade da empresa de reinvestir sua geração de caixa em suas atividades principais”.

Para o UBS, a estratégia, se bem-sucedida, pode diferenciar a Méliuz ao atrair investidores interessados em criptomoedas. “Por outro lado, poderia criar mais volatilidade nos resultados”, diz uma publicação do banco de investimentos.

A empresa aprovou em assembleia uma alteração em sua política de gestão de liquidez, que passa a se chamar política de aplicações financeiras, o que permitiu a aplicação de até 10% do caixa total em Bitcoin. Foram adquiridos US$ 4,1 milhões em bitcoins a um preço médio de US$ 90.296,11, o equivalente a 45,72 unidades do ativo.

Em fato relevante, afirmou que o bitcoin é seu principal ativo estratégico de tesouraria, embora avalie o movimento como complementar à operação, “que seguirá focada em crescer, gerar caixa e valor para nossos mais de 35 milhões de usuários”.

A MicroStrategy (MSTR) é o exemplo internacional mais emblemático de uma empresa que adotou o bitcoin como estratégia de investimento. A empresa agora possui 471,107 bitcoins, cerca de US$ 41,65 bilhões.

No Brasil, a Méliuz é a primeira companhia listada na B3 a tomar o caminho dos criptoativos. Até mesmo a exposição da tesouraria a ativos menos arriscados, como ações, é rara no Brasil, e empresas preferem por investir em ativos atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), como o CDB. Em casos mais arriscados, CDBs de bancos de segunda linha.

“Reconhecemos que o Bitcoin pode evoluir como uma reserva de valor no futuro, o que pode justificar essa alocação se a estratégia estiver mais bem alinhada com as operações da empresa”, ponderou a XP em sua análise.

Até às 16h desta terça-feira, as ações da empresa valorizavam perto de 20%, após um pico de quase 27% no início da tarde.

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