Ministra Margareth Menezes detona jurada da Sapucaí que puniu “excesso de iorubá”

Margareth Menezes: ministra critica jurada que descontou pontos da Unidos de Padre Miguel por “excesso de iorubá” no Carnaval 2025 do Rio de Janeiro. Foto: Reprodução

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, criticou, neste sábado (8), a jurada que descontou pontos do samba-enredo da Unidos de Padre Miguel (UPM) no Carnaval 2025 do Rio de Janeiro por “uso excessivo de termos em iorubá” na letra da canção.

Menezes classificou a justificativa da jurada Ana Paula Fernandes como “inaceitável” e destacou que o iorubá é uma das línguas que formam a cultura brasileira. “Está na raiz do samba, nas religiões de matriz africana, na história do Brasil”, afirmou a ministra no X, antigo Twitter.

Para Margareth, a crítica à UPM “não é só um erro de julgamento, mas um desrespeito à nossa ancestralidade”. A ministra ainda declarou apoio à escola: “O samba nasceu da resistência! Todo apoio à Unidos de Padre Miguel e a todas as escolas que levam a cultura afro-brasileira para a avenida com orgulho”.

O que aconteceu?

A UPM foi rebaixada para a Série Ouro no Carnaval do Rio e anunciou que vai recorrer da decisão, alegando “inconsistências graves” nas justificativas apresentadas pelos jurados. Entre elas está a da jurada Ana Paula Fernandes, que descontou 0,3 ponto da escola.

No documento divulgado pela Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba), Fernandes justificou que 0,1 ponto foi retirado porque “há trechos de difícil entendimento devido ao excesso de termos em iorubá”. Outros 0,1 ponto foram descontados porque “o encadeamento semântico” da letra deixava “dúvidas quanto à narrativa”, tornando o enredo confuso.

A última redução foi motivada por questões melódicas, com a jurada alegando que “a obra apresenta encadeamento linear, sem maiores inovações dentro da linguagem do samba-enredo”.

Justificativa da penalização de Ana Paula Fernandes ao samba-enredo da Unidos de Padre Miguel. Foto: Reprodução

A escola de samba rebateu as críticas e contestou a avaliação. “Despontuar uma escola por utilizar o dialeto de sua cultura é, no mínimo, uma avaliação despreparada. Esquecer nossa oralidade para atender um acadêmico não negro não está nos planos da nossa escola”, declarou a UPM.

Neste ano, a agremiação desfilou na Sapucaí com o enredo “Egbé Iyá Nassô”, que abordou a trajetória da africana Iyá Nassô e do Terreiro da Casa Branca do Evangelho Velho, um dos mais importantes do candomblé no Brasil.

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