Trump acende alerta no Brasil com interesse em minerais de outros países

Donald Trump: presidente dos EUA pauta seu novo mandato por interesse em minerais. Foto: Sarah Meyssonnier/POOL/AFP

O interesse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por minerais críticos e estratégicos tem chamado a atenção do governo brasileiro e do setor de mineração no país. Com uma estratégia agressiva, o estadunidense já ameaçou tomar a Groenlândia da Dinamarca e pressiona a Ucrânia, em guerra contra a Rússia, a ceder direitos de exploração de recursos minerais.

O Brasil, que possui vastas reservas de minerais como cobre, lítio, silício e terras raras, pode se tornar um ator central nessa disputa geopolítica.

Dos 51 minerais considerados críticos e estratégicos pelos EUA, o Brasil tem reservas significativas de vários deles. Para Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), é questão de tempo até que o governo americano aborde o tema com o Brasil.

“Trump reproduz, de maneira colonialista, sua intenção de tomar posse desses minerais, inclusive do Canadá. Dos 51 minerais de que os EUA precisam, 16 precisam ser importados”, disse Jungmann em entrevista o Globo.

Ronaldo Carmona, professor da Escola Superior de Guerra (ESG), destaca que os minerais estão no centro da corrida tecnológica da quarta revolução industrial e da disputa entre EUA e China. O Brasil, que detém 94% das reservas mundiais de nióbio, a segunda maior reserva de grafite e a terceira de terras raras e níquel, pode se tornar uma potência minerária global.

“Se aumentarmos o conhecimento de nosso território, subiremos posições nestes e em outros minerais críticos e nos colocaremos definitivamente como uma grande potência minerária, talvez a maior do mundo”, explicou Carmona.

O especialista acredita que o Brasil pode usar sua posição estratégica para alavancar interesses em outras áreas, como a reindustrialização do país e acordos de transferência de tecnologia.

Vista aérea de uma mina de cobre no Brasil. Foto: reprodução

Bruno Drummond, sócio-fundador da Drummond Advisors, empresa especializada em planejamento tributário e internacionalização de negócios, avalia que o interesse dos EUA reflete uma estratégia global para fortalecer cadeias de suprimento e reduzir dependências externas.

“Com o crescente interesse dos EUA em diversificar sua cadeia de suprimentos, o Brasil pode se posicionar de forma competitiva ao fortalecer sua governança, aprimorar padrões ambientais e consolidar sua presença no mercado americano”, afirmou Drummond.

Os minerais críticos e estratégicos são essenciais para o desenvolvimento econômico e tecnológico. O nióbio, por exemplo, é crucial para a indústria siderúrgica, enquanto o lítio é fundamental para o armazenamento de energia em baterias, utilizadas em carros elétricos, celulares e tecnologia nuclear.

O silício é amplamente empregado em chips de computadores e dispositivos eletrônicos, e as terras raras são indispensáveis para a produção de smartphones, veículos elétricos e equipamentos militares.

Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), a definição de minerais críticos e estratégicos é fundamental para a formulação de políticas públicas. Em 2024, as exportações brasileiras desses minerais superaram 2 milhões de toneladas, gerando uma receita de US$ 6,3 bilhões (R$ 36,4 bilhões).

A China foi o principal destino, responsável por 24% das exportações, seguida pela Alemanha, com 12%. Por outro lado, o Brasil importou cerca de 400 mil toneladas desses minerais, com custo de US$ 4,392 bilhões (R$ 25,3 bilhões).

O MME tem mantido diálogos com diversos países sobre a transição energética e os insumos minerais necessários para viabilizá-la. “O Brasil busca estabelecer parcerias estratégicas para ampliar sua participação na oferta global de minerais críticos e estratégicos, além de fortalecer sua indústria de transformação mineral”, diz a pasta.

O tema ganhou ainda mais relevância com o aquecimento global. Aline Nunes, gerente de Assuntos Minerários do Ibram, destaca que o uso desses minerais é crucial para a descarbonização.

“Detemos uma boa quantidade de recursos e boa parte deles vai atender à demanda de tecnologia para a descarbonização”, afirma Nunes. Jungmann lembra que havia negociações em andamento com o governo de Joe Biden, antecessor de Trump, mas a política pode.

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