Rodrigo Duterte, o “Bolsonaro das Filipinas”, é preso pela Interpol por crimes contra a humanidade

Rodrigo Duterte: ex-presidente das Filipinas é preso por crimes contra a humanidade. Foto: Reprodução

O ex-presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, foi preso pela Interpol nesta terça-feira (11), após o governo do país receber um mandado do Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes contra a humanidade.

O TPI confirmou que seguirá com a investigação sobre a responsabilidade de Duterte na sangrenta “guerra contra as drogas”, que resultou na morte de milhares de filipinos.

O ex-presidente já havia declarado na segunda-feira (10), em Hong Kong, que estava pronto para ser preso caso o tribunal emitisse um mandado, reafirmando sua defesa da repressão antidrogas. Ele negou ter ordenado execuções extrajudiciais, alegando que a polícia só deveria matar suspeitos de tráfico em casos de legítima defesa.

https://twitter.com/gmanews/status/1899289498485486054

“Pelas minhas próprias notícias, tenho um mandado… do TPI ou algo assim”, disse Duterte a seus apoiadores em Hong Kong. “O que eu fiz de errado? Fiz tudo o que pude no meu tempo, então há um pouco de silêncio e paz para as vidas dos filipinos.”

O gabinete do presidente Ferdinand Marcos Jr. recebeu uma cópia oficial do mandado, que foi entregue a Duterte pela polícia. O ex-presidente foi colocado sob custódia, conforme comunicado oficial.

No entanto, seu ex-conselheiro jurídico, Salvador Panelo, classificou a prisão como ilegal e afirmou que a polícia impediu que um advogado de Duterte o acompanhasse no aeroporto.

https://twitter.com/ThayzzySmith/status/1899312116210811060

“Bolsonaro das Filipinas”

Em 2019, Duterte, o “Bolsonaro das Filipinas”, retirou unilateralmente o país do tratado fundador do TPI, em resposta à investigação sobre assassinatos extrajudiciais. Até o ano passado, as Filipinas se recusavam a cooperar com o tribunal.

A “guerra contra as drogas” foi a principal bandeira de campanha de Duterte em 2016, quando se elegeu como prefeito independente e defensor de uma política de tolerância zero contra o crime. Durante seu mandato, ele cumpriu as promessas de campanha, fazendo discursos inflamados em que ameaçava matar milhares de traficantes de drogas.

Segundo a polícia, 6.200 suspeitos morreram em operações antidrogas que, segundo as autoridades, terminaram em tiroteios. No entanto, ativistas alegam que o número real de mortos foi muito maior, com milhares de usuários de drogas em favelas, incluindo nomes que constavam em “listas de observação” oficiais, assassinados em circunstâncias misteriosas.

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