Com Wall Street derretendo, Trump é forçado a antecipar corte de impostos bilionário

Com as tarifas de Donald Trump derrubando os mercados, cresce a pressão sobre o presidente para acelerar sua principal proposta de estímulo econômico: um amplo pacote de cortes de impostos.

A equipe de Trump já começou a alertar que sua estratégia de reformulação do comércio e dos gastos públicos trará “dor de curto prazo”. Cortes de impostos, que aumentam a renda disponível dos consumidores, poderiam ajudar a suavizar esse impacto. A expectativa dos aliados é aprovar um projeto até julho, mas há diversos obstáculos no caminho.

No primeiro mandato, Trump cortou impostos antes de iniciar uma guerra comercial. Agora, a ordem se inverteu — e o cenário econômico é mais frágil, com juros elevados prejudicando o setor imobiliário e a inflação se mostrando persistente. Além disso, as novas tarifas de Trump são mais agressivas e imprevisíveis, como demonstraram as idas e vindas das sanções contra Canadá e México.

Tudo isso está pressionando as bolsas — um termômetro que Trump sempre acompanhou de perto — e alimentando temores de recessão. Cortes de impostos poderiam reacender o apetite dos investidores, como ocorreu em 2017, mas os democratas argumentam que os benefícios iriam principalmente para os mais ricos.

O presidente também aposta que sancionar um grande pacote tributário antes das eleições legislativas de 2026 ajudará os republicanos a manter o controle da Câmara. Mas, com os mercados e consumidores cada vez mais inquietos, a administração pode precisar agir rapidamente.

Divisões entre os republicanos podem atrasar aprovação

Steve Moore, conselheiro econômico informal de Trump, defende um cronograma ainda mais acelerado, sugerindo que o pacote seja aprovado até o feriado de Memorial Day, no fim de maio. Moore, que diverge de Trump sobre os efeitos das tarifas, aponta para a inflação acima da meta e a fraqueza do mercado imobiliário como sinais de desaceleração iminente.

“A economia precisa de um impulso”, afirma Moore. “Tarifas não são um impulso, mas reforma tributária é.”

Na campanha, Trump prometeu estender os cortes de impostos de seu primeiro mandato para famílias, além de eliminar tributações sobre gorjetas, horas extras e pagamentos da Previdência Social. Só a extensão das isenções custaria cerca de US$ 4,5 trilhões ao longo de uma década. Os republicanos, que também prometeram reduzir o déficit recorde dos EUA, não apresentaram uma solução clara para financiar essa medida.

A disputa interna entre Câmara e Senado sobre qual casa legislativa assumirá a liderança do projeto e se ele será incorporado a um pacote de imigração ou tratado separadamente adiciona mais incerteza. “A dificuldade é exemplificada pelo fato de termos duas resoluções orçamentárias concorrentes para iniciar o processo”, explica Marc Gerson, ex-conselheiro tributário republicano no Comitê de Meios e Recursos da Câmara. “Câmara e Senado estão em direções opostas.”

Trump admite impactos da guerra comercial, mas mantém discurso otimista

No domingo, Trump admitiu que sua política comercial pode gerar turbulências, mas insistiu que, a longo prazo, a estratégia fortalecerá a economia ao reindustrializar os EUA. Quando perguntado em entrevista à Fox News se prevê uma recessão, respondeu: “O que estamos fazendo é muito grande. Há um período de transição”.

A inflação foi um dos fatores decisivos para a vitória eleitoral de Trump, já que seu antecessor, Joe Biden, subestimou a persistência do problema. Agora, o atual presidente corre o risco de ser responsabilizado pelos desafios econômicos.

Economistas alertam que as tarifas podem pressionar os preços e desacelerar o crescimento, embora a maioria não preveja uma recessão imediata.

Nos bastidores da Casa Branca, o clima ainda não é de pânico, segundo fontes próximas ao governo.

Os assessores de Trump se sentem fortalecidos pela vitória nos sete estados decisivos da eleição e acreditam que estão avançando rapidamente na implementação de sua agenda, por meio de ordens executivas e reestruturação da máquina pública.

Fora de Washington, líderes republicanos também demonstram pouca preocupação. “Normalmente, o lema seria ‘É a economia, estúpido’”, disse Christopher Ager, presidente do Partido Republicano em New Hampshire. “Mas agora o tema parece neutro.”

Mercado cobra respostas rápidas e CEOs se reúnem com Trump

O impacto da guerra comercial, no entanto, preocupa o setor corporativo. Nesta terça-feira, Trump se reunirá com dezenas de CEOs no evento da Business Roundtable, onde deve enfrentar questionamentos sobre seus próximos passos.

Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, reconhece a necessidade de acelerar as medidas: “Precisamos aprovar os cortes de impostos e acelerar a desregulamentação”, disse à Bloomberg TV.

Porém, ao responder sobre a volatilidade dos mercados em sua entrevista no domingo, Trump pareceu mais focado no longo prazo: “O que preciso fazer é construir um país forte. Você não pode ficar obcecado com o mercado de ações. A China trabalha com uma perspectiva de 100 anos.”

© 2025 Bloomberg L.P.

The post Com Wall Street derretendo, Trump é forçado a antecipar corte de impostos bilionário appeared first on InfoMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.