Inhotim anuncia programação de 2024

Grada Kilomba, Paulo Nazareth e Rivane Neuenschwander são alguns dos expoentes que integram as exposições do Inhotim neste ano

No ano passado, Inhotim atingiu a marca de quatro milhões de visitantes desde a inauguração do espaço. Assim, neste quesito, registrou, por exemplo, um aumento de 512% de visitantes com entrada gratuita (representando 49% do público geral). Tal qual, mais de 28 mil atendimentos da área de Educação. Desse modo, embalado pelos bons números, o Inhotim anunciou algumas das exposições e obras comissionadas previstas para 2024. Bem como novos projetos educativos e, ainda, um programa cultural. No caso, este integra as áreas de arte, botânica, música e educação, oferecida para visitantes, professores e comunidades do território.

Nesse sentido, o Inhotim já divulgou duas datas de inauguração. A princípio, a primeira, em abril, e a segunda, em outubro. De antemão, nestas ocasiões, as mostras temporárias serão renovadas. Primeiramente, no dia 13 de abril, Grada Kilomba e Paulo Nazareth ganharão mostras individuais. Na abertura do segundo semestre, em 19 de outubro, Rivane Neuenschwander apresenta uma mostra solo na Galeria Mata. A exposição contará com trabalhos de variadas épocas. São obras em torno de eixos que atravessam a produção de Rivane, como memória e infância, natureza e ecologia, história e ditadura.

Grada Kilomba

Depois de integrar a curadoria da 35ª Bienal de São Paulo, em 2023, Grada Kilomba (Lisboa, Portugal, 1968), artista interdisciplinar, retorna ao Brasil. Desse modo, traz para a Galeria Galpão, no Inhotim, a peça “O Barco/The Boat” (2021), inédita no país. A obra é constituída por uma instalação escultórica ativada por performance, a partir de centenas de blocos de madeira carbonizada. Eles remontam à silhueta de uma grande embarcação. Em alguns desses blocos estão gravados, em matéria dourada, versos de um poema escrito pela artista. Trata-se de um texto que, vale dizer, foi traduzido para seis idiomas: iorubá, Kimbundu, crioulo, português, inglês e árabe.

Obra "O Barco", da artista Grada Kilomba
Obra “O Barco”, da artista Grada Kilomba, que é inédita no país: a foto acima é da instalação na Somerset
House, Londres. (Crédito: Tim Bowditch/cortesia da artista)

A performance, dirigida por Grada e conduzida por cantores, bailarinos e musicistas, será realizada no Inhotim em sessões que compõem um primeiro ato, quando da inauguração da obra. Após a realização desse primeiro momento, a artista retorna a Brumadinho com equipe e colaboradores para desenvolver os atos subsequentes com artistas locais. Desse modo, o programa de ativações deve se estender por pelo menos dois anos, enquanto a obra estiver em exibição. A Galeria Galpão conta com uma área de cerca de 1500m2. Em montagens anteriores, exibiu obras de William Kentridge, Janet Cardiff
& Georges Bures Miller. A exposição tem o patrocínio da Vale, da Shell e da B3, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Paulo Nazareth

Já Paulo Nazareth ocupará a Galeria Praça, um dos pontos mais visitados do Inhotim. O local conta com instalações permanentes de Janet Cardiff e John Ahearn & Rigoberto Torres. Assim, a mostra parte das relações entre história, território e deslocamentos. São conceitos caros à obra do artista que, desta vez, trabalha na própria região, em Minas Gerais.

Baseado no Conjunto Palmital, em Santa Luzia, Paulo articula diversos lugares na mostra. Isso, ao propor obras que acontecem também fora da galeria – como um bananal plantado na área de Inhotim – ou trabalhos que se dão no trânsito até a instituição, e que se expandem por outras localidades. A exposição será composta por obras comissionadas especificamente para Inhotim. Elas se unem a trabalhos da coleção e empréstimos, em uma ocupação processual da Galeria Praça. A exposição é patrocinada pela Vale e pela Shell, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Rivane Neuenschwander

Presente no acervo do Inhotim, Rivane Neuenschwander (Belo Horizonte, 1967) inaugurou, em 2009, a obra “Continente/Nuvem” (2008), instalada em uma antiga construção residencial. Com esta exposição, retoma, na instituição, projetos que contam com forte carga poética. São obras que tratam de inquietações, medos e desejos que atravessam nosso tempo, em instalações, obras audiovisuais, pinturas e esculturas.

Pipilotti Rist

No espaço da Galeria Fonte, será instalada, de forma imersiva, a obra “Homo sapiens sapiens”. Trata-se de um trabalho da artista Pipilotti Rist (Grabs, Suíça, 1962), filmado nos jardins do Inhotim, em 2004. Ele foi exibido na Bienal de Veneza de 2005, quando a artista representou a Suíça, ocupando a Igreja de San Stae. A obra representa corpos femininos. Assim, eles se fundem à natureza, a partir de visadas que se aproximam em grandes zooms e se desdobram em imagens caleidoscópicas. Trazem referências que vão do Jardim do Éden à iconografia barroca. Assim, a artista, expoente da videoarte internacional, tem, nessa instalação, um marco importante na trajetória. Vinte anos após a realização, Inhotim exibe a obra pela primeira vez.

Rebeca Carapiá

Em seguida, e para uma área de jardim, Rebeca Carapiá (Salvador, BA, 1988) vai desenvolver um projeto comissionado especificamente para Inhotim. Desse modo, ao trabalhar com linguagem e corpo, a artista vcria um conjunto de esculturas e instalações que, como linhas de desenho, avançam pela tridimensionalidade. Assim, passam a inventar novos modos de se inscrever em seu tempo. Presente em mostras coletivas de 2023, Rebeca retorna em 2024 para criar um projeto em parceria com os ateliês de montagem do Inhotim. No caso, explorando, por exemplo, novas escalas e métodos construtivos. As exposições de outubro contam com o patrocínio da Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

E mais

Uma programação das áreas de Educação, Música, Botânica e Programas Públicos também está prevista no Inhotim. Assim, performances, oficinas, festivais, peças de teatro, seminários, bem como outras atividades vão conjugar temas trazidos em um processo de escuta com o território. Tal qual, tópicos que se desdobram como reflexão nas mais diversas linguagens a partir das relações entre criação, arte e natureza.

“O que é…?”

Um dos programas previstos para o ano, no Inhotim, é “O que é…?”, que consiste em seis encontros em torno de perguntas e provocações suscitadas pelos acervos botânico e artístico. A iniciativa tem, como mote, urgências contemporâneas. Entre elas: O que é uma planta? Ou: o que é um rio? E, ainda: O que é um sonho? Ou: O que é transmutar?, etc.

Em março, o programa tem início com a pergunta O que é uma pedra?. Ele conta com o poeta e artista Ricardo Aleixo (Belo Horizonte, MG, 1960), ao lado de outros convidados. O grupo toma este interrogante como ponto de partida para ações, falas públicas e visitas temáticas no Instituto Inhotim. O programa O que é…? é patrocinado pela Vale e o Itaú, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Seminário Transmutar

Também como programação transdisciplinar, para junho, na Semana do Meio Ambiente, está previsto, no Inhotim, o Transmutar: Seminário Internacional. O programa será composto por cinco dias de debates, situações artísticas e momentos de trocas de experiências. Os temas norteadores são: biodiversidade, clima, território e cultura, nas intersecções entre ciências, artes e educação.

Com tais ações, o Inhotim, de acordo com o material de divulgação da instituição, propõe formar uma rede de produção de conhecimento em torno de temas relevantes para a vida no planeta. A bióloga Brigitte Baptiste (Bogotá, Colômbia, 1963) está entre os nomes confirmados. Por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, o seminário tem o patrocínio da Vale, Cemig, Itaú, Shell e EY.

Festival Internacional de Música

Além disso, em julho, a instituição apresenta o primeiro Festival Internacional de Música, que vai trabalhar experiências musicais imersas nos ambientes do Inhotim. Assim, importantes nomes da cena nacional e internacional da música contemporânea se apresentarão ao longo de três dias. Importante: a programação será gratuita para a pessoa visitante do Inhotim. Entre os nomes já confirmados, estão os de Aguidavi do Jêje (Brasil), Ballaké Sissoko (Mali), Baloji (Congo), Joshua Abrams & Natural Information Society (EUA), Kham Meslien (França) e Zoh Amba (EUA).

Contudo, outros nomes serão confirmados pelo Inhotim nos próximos meses. O Festival conta com o patrocínio da Vale, da Vivo e do Banco Sofisa, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais e da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Prática pedagógica

Sob a direção de Gleyce Heitor, a prática pedagógica no Inhotim contempla vários eixos. São iniciativas que se dedicam à integração da instituição com o território. Assim, promovem, por exemplo, políticas de gratuidade, bem como projetos com redes de ensino e de formação continuada. De antemão, a ideia é fortalecer a educação integral. Do mesmo modo, propiciar visitas mediadas e ações integradas às atividades artísticas e ambientais do Inhotim.

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