Tarifas dos EUA sobre aço e alumínio sobem nesta quarta: como afeta as ações na B3

Entre as diversas medidas do governo Donald Trump, nos EUA, que têm abalado os mercados globais, os investidores esperam para a próxima quarta-feira (12) a entrada em vigor das tarifas de 25% contra o aço e alumínio importados, que devem afetar também o Brasil.

Quando houve o anúncio sobre o tema, em meados de fevereiro, contudo, as ações das siderúrgicas não registraram fortes quedas, com o mercado avaliando um impacto limitado.

Na ocasião, o Bradesco BBI apontou que estes são os impactos para as ações das siderúrgicas com a tarifa, listados a seguir:

Gerdau (GGBR4) – impacto positivo

Embora cerca de 50% do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) da empresa venha de suas operações americanas, todos os volumes vendidos na região são produzidos localmente. Assim, com a implementação das tarifas, a visão é de alguma tração positiva nos preços e Gerdau se beneficiando.

“Observamos, no entanto, que os produtos de aço longo representam menos de 20% das importações totais de aço dos Estados Unidos, o que implica em um benefício relativamente maior para os preços do aço plano”, apontaram os analistas do BBI.

Usiminas (USIM5) – impacto imaterial

O BBI estima que apenas 2,5% do Ebitda consolidado da empresa vem da América do Norte. No entanto, com o Brasil fornecendo mais de 60% da necessidade de aço semiacabado dos Estados Unidos (principalmente placas), nota que tarifas potenciais podem implicarem maior disponibilidade de placas no Brasil, traduzindo-se em custos mais baixos para a Usiminas.

CSN (CSNA3) – impacto imaterial

A empresa não tem recorrido aos mercados de exportação nos últimos trimestres, principalmente devido ao amplo prêmio de preço doméstico.

CBA (CBAV3) – impacto imaterial

O BBI estima que aproximadamente 3% do Ebitda da empresa vem dos Estados Unidos.

Com isso, a reação ao tarifaço de Trump pode ser moderada, aponta o BBI, enquanto as atenções ficam na resposta que será dada pelo governo brasileiro (e se haverá retaliação).

Gerdau ganhadora?

Enquanto isso, em documento, a Comissão de Economia da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais do Brasil (Apimec) avaliou que as empresas CBA, Usiminas e CSN podem enfrentar dificuldades caso as tarifas sejam realmente impostas.

Para a entidade, embora seja cedo para ter uma visão clara dos efeitos sobre as exportações do País, a “iminente guerra comercial não é favorável para o Brasil e para o mundo”. O comunicado indica que as próximas semanas serão cruciais para entender as repercussões dessa decisão e como as empresas brasileiras se adaptarão a esse novo cenário, se concretizado.

Leia mais: Tarifas dos EUA sobre o aço e o alumínio sobem nesta semana. O que está em jogo?

Segundo relatório divulgado no dia 27 de janeiro de 2025 pelo American Iron and Steel Institute (Instituto Americano de Ferro e Aço), o Brasil exportou 4,49 milhões de toneladas líquidas de aço em 2024, o que representou um avanço de 14,1% em relação a 2023, quando foram exportados 3,94 milhões.

A entidade afirma que as proteções comerciais impostas, desde o primeiro mandato do governo Trump, elevaram a capacidade produtiva da indústria siderúrgica dos EUA em cerca de 20% nos últimos seis anos, impulsionada pelas tarifas sobre o aço, embora ainda exista uma capacidade ociosa de cerca de 25% no setor.

A brasileira Gerdau, porém, também avalia a Apimec, que tem cerca de 50% de suas operações voltadas para o mercado norte-americano, sendo parte fabricada nos EUA, pode se beneficiar desse movimento protecionista. E é nesse sentido que uma outra medida adotada por Trump pode impulsionar a brasileira.

Na manhã desta terça, Trump voltou a anunciar uma nova rodada de tarifas contra o Canadá. Trump dobrou a tarifa planejada sobre todos os produtos de aço e alumínio provenientes do Canadá que entram nos EUA, elevando a taxa para 50%, em resposta à implementação de uma tarifa de 25% pela província canadense de Ontário sobre a eletricidade que entra nos EUA. Porém, em meio ao cenário de aversão a risco global por conta das medidas, as ações registravam baixa às vésperas de mais um tarifaço.

(com Estadão Conteúdo)

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