Grávida, mulher de estudante preso nos EUA pede: “Vejam ele através dos meus olhos”

O ativista palestino Mahmoud Khalil durante coletiva de imprensa. Foto: Reprodução

Mahmoud Khalil, estudante palestino de pós-graduação da Universidade de Columbia, preso por agentes de imigração do governo de Donald Trump no sábado (8), teve sua deportação temporariamente suspensa após uma decisão judicial. A esposa de Khalil, grávida de oito meses e cidadã estadunidense, falou pela primeira vez sobre o caso em uma declaração exclusiva à revista Newsweek, nesta terça-feira (11). Ela implorou pela libertação do marido, destacando a importância de tê-lo ao seu lado durante o parto.

“Peço que vejam Mahmoud através dos meus olhos, como um marido amoroso e o futuro pai do nosso bebê. Preciso da sua ajuda para trazer Mahmoud para casa, para que ele esteja ao meu lado, segurando minha mão na sala de parto, enquanto damos as boas-vindas ao nosso primeiro filho neste mundo. Por favor, libertem Mahmoud agora,” afirmou ela, em declaração emitida por meio de sua advogada, Amy E. Greer.

A prisão de Khalil ocorreu após agentes do Departamento de Segurança Interna dos EUA alegarem que seu visto de estudante havia sido revogado. Quando sua esposa, que é residente permanente legal nos Estados Unidos, apresentou o green card do marido, os oficiais afirmaram que o documento também havia sido cancelado.

O green card permite que uma pessoa resida permanentemente no país e garante proteções constitucionais, incluindo a liberdade de expressão sob a Primeira Emenda.

O ativista e estudante palestino Mahmoud Khalil e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Reprodução

Os advogados de Khalil entraram com um mandado de habeas corpus, pedindo que a Justiça examine os fundamentos legais da detenção, que consideram ilegal. Eles argumentam que o discurso político do estudante, expresso em manifestações pró-Palestina, é protegido pela Constituição dos EUA. Além disso, a defesa solicitou que Khalil seja devolvido a Nova York, já que ele foi transferido para uma prisão federal para migrantes na Louisiana, o que dificulta o acesso dos advogados.

O juiz Jesse Furman, do Tribunal Federal de Manhattan, suspendeu temporariamente a deportação de Khalil na segunda-feira (10). Uma nova audiência está marcada para esta quarta-feira (12), quando o caso será revisado.

A prisão de Khalil ocorreu em um contexto de tensão crescente entre o governo Trump e estudantes envolvidos em protestos pró-Palestina. Em uma publicação no Truth Social, Trump confirmou a detenção e afirmou que outras prisões devem ocorrer.

“Esta é a primeira prisão de muitas que virão. Sabemos que há mais estudantes na Columbia e em outras universidades pelo país que se envolveram em atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas, e a Administração Trump não tolerará isso. Muitos não são estudantes, são agitadores pagos. Encontraremos, apreenderemos e deportaremos esses simpatizantes terroristas do nosso país — para nunca mais retornarem”, escreveu o republicano.

Khalil, que atuou como negociador durante os protestos pró-Palestina na Universidade de Columbia no ano passado, revelou à Reuters, horas antes de ser preso, que estava preocupado em ser alvo do governo por falar com a mídia. Ele também comentou as críticas de Trump aos manifestantes estudantis. O estudante enfrenta 13 acusações, a maioria relacionadas a postagens em redes sociais, que ele afirma não ter feito.

“Eles só querem mostrar ao Congresso e aos políticos de direita que estão fazendo alguma coisa, independentemente do que está em jogo para os estudantes. É principalmente um escritório para esfriar o discurso pró-Palestina”, disse Khalil.

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