Promotor mostra foto de Maradona morto e acusa médicos: “Participaram de um assassinato”

Promotor mostrando foto de Diego Maradona após morte em julgamento
Promotor mostrando foto de Diego Maradona após morte – Reprodução/SCBA/YouTube

O julgamento sobre a morte de Diego Armando Maradona começou nesta terça-feira (11) com o promotor do caso, Patricio Ferrari, exibindo uma foto do ex-jogador deitado em uma cama, minutos após seu falecimento, fazendo uma acusação direta:

“Maradona morreu assim. Quem disser a vocês, juízes, que não perceberam o que estava acontecendo com Diego está mentindo na cara de vocês se não disserem que participaram de um assassinato”.

O Departamento de Justiça da Argentina está processando sete integrantes da equipe médica que cuidava do astro argentino quando ele faleceu, em 2020. Eles respondem por homicídio simples com dolo eventual.

Entre os acusados estão o médico pessoal de Maradona, o neurocirurgião Leopoldo Luque, um clínico geral, uma psiquiatra, um psicólogo, uma coordenadora do plano de saúde, um coordenador de enfermeiros e um enfermeiro. Uma oitava envolvida, uma enfermeira, será julgada separadamente em outro processo a partir de julho.

As audiências estão previstas para se estender até julho, com a participação de 120 testemunhas, incluindo familiares, médicos, peritos, jornalistas e amigos. O julgamento ocorre no Tribunal de San Isidro, a cerca de 30 km de Buenos Aires. No primeiro dia, Veronica Ojeda, ex-namorada de Maradona, foi flagrada chorando na porta do tribunal. As filhas do ex-jogador, Dalma e Jana Maradona, também compareceram.

Promotores acusam negligência e abandono

Maradona morreu aos 60 anos, devido a insuficiência respiratória e parada cardíaca. No entanto, os promotores afirmam que ele foi vítima de “desamparo” e “abandono” por parte dos profissionais que deveriam garantir sua recuperação. Segundo a acusação, o ex-jogador deveria ter recebido cuidados intensivos em casa, mas foi deixado “à própria sorte”.

Em 2021, uma comissão médica formada por 22 especialistas concluiu que o atendimento prestado a Maradona foi “inadequado, deficiente e imprudente”. O relatório indicou que a morte poderia ter sido evitada, mas que ele foi deixado agonizando por 12 horas.

Cuidados precários e omissão da equipe médica

Após passar por uma cirurgia para retirada de um hematoma na cabeça, Maradona recusou continuar internado na clínica. Sua equipe médica aceitou a internação domiciliar, mesmo sabendo dos riscos, devido a problemas renais, hepáticos, cardíacos, neurológicos e sua história de dependência química.

No entanto, os promotores argumentam que a casa onde ele foi internado não tinha os recursos necessários para seu tratamento. Chamaram a internação de “indigna” e apontaram omissões graves dos profissionais, que, segundo a acusação, “não cumpriram com a boa prática médica”.

Mensagens comprometedoras revelam conspiração

Provas apresentadas incluem mensagens de texto e áudios dos envolvidos, nos quais discutiam a situação de Maradona sem dar a devida importância à sua saúde. Alguns trechos divulgados revelam preocupação dos acusados com possíveis consequências legais:

  • “Ele vai morrer”
  • “Isso acaba mal”
  • “Manipulemos a história clínica para nos protegermos”
  • “Podemos acabar presos”
  • “Tenho medo”

Os promotores também afirmam que os acusados conspiraram para afastar a família de Maradona, temendo que, se levassem o ex-jogador para outro local, perdessem seus cargos e rendimentos.

Família de Maradona pede justiça

Cinco processos foram movidos contra os profissionais da saúde: quatro foram apresentados pelos filhos reconhecidos de Maradona, enquanto o quinto foi registrado por suas irmãs. O advogado Mario Baudry, representante de Diego Fernando, filho do ex-jogador, declarou:

“Há muitas evidências de como roubaram Maradona e de como deixaram que ele morresse. É o suficiente para irem todos presos. São assinaturas falsificadas, histórias clínicas adulteradas. O que eles dizem nos áudios e mensagens é para tentar fazer com que as filhas de Diego não o levassem, porque se o fizessem, perderiam o dinheiro”.

O julgamento deve explorar questões técnicas sobre o atendimento médico. A psiquiatra e o psicólogo alegam que apenas cuidavam da saúde mental do ex-jogador. Os enfermeiros defendem que apenas seguiam ordens e que Maradona não aceitava tratamentos.

O exame toxicológico realizado após sua morte não encontrou álcool ou drogas ilegais em seu organismo. No entanto, áudios sugerem que os enfermeiros administravam álcool e maconha para acalmar o comportamento do ex-jogador.

Pressão popular pode influenciar decisão

A morte de Maradona gerou grande comoção na Argentina, onde o ex-jogador é um ídolo nacional. Caso as provas demonstrem que ele poderia ter sido salvo, a opinião pública pode pressionar por punição exemplar aos responsáveis.

Após o julgamento, os restos mortais de Maradona devem ser transferidos para um mausoléu chamado “Memorial M10”, localizado em uma área turística de Buenos Aires, projetado para receber cerca de um milhão de visitantes por ano.

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