Alta da Ambev (ABEV3) tem fôlego? Itaú BBA mantém cautela com as ações

As ações da Ambev (ABEV3) registraram uma valorização de 16% desde a divulgação do balanço do quarto trimestre de 2024 (4T24), refletindo o resultado acima das projeções de mercado e uma reação positiva dos investidores. Às 12h55 (horário de Brasília) desta quarta-feira (12), as ações da Ambev acumulavam alta de 1,32%, a R$ 13,02.

Conforme balanço divulgado pela empresa em fevereiro deste ano, o lucro líquido da companhia alcançou R$ 5,024 bilhões no 4T24, uma alta de 11% em relação ao mesmo trimestre de 2023. O lucro ajustado cresceu 7,5%, chegando a R$ 5,018 bilhões, impulsionado pelo crescimento do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, que subiu 34,5% no trimestre, totalizando R$ 9,619 bilhões.

Segundo o Itaú BBA, apesar do desempenho positivo, existem questionamentos sobre mudanças efetivas na tese de investimento da empresa. A melhora dos resultados na América Latina Sul (LAS) foi um dos principais fatores que impulsionaram a revisão positiva da estimativa de Ebitda do mercado para 2025, que agora indica um crescimento aproximado de 3%.

No Brasil, houve uma revisão favorável na expectativa de custo caixa de mercadorias vendidas por hectolitro, mas o banco aponta uma abordagem mais cautelosa em relação às dinâmicas de receita, dado o ambiente competitivo.

O Itaú BBA também destacou que a valorização expressiva das ações da Ambev pode estar relacionada à recente performance positiva de cervejarias globais e a um movimento técnico de fechamento de posições vendidas. A redução dessas apostas contra a empresa pode ter forçado investidores a recomprar os papéis, contribuindo para a alta recente.

Apesar do desempenho operacional positivo, o banco chamou atenção para algumas dinâmicas do setor de cervejas no Brasil que podem influenciar os resultados deste ano. O mercado está mais cauteloso em relação às previsões de volume e receita líquida por hectolitro (NR/hl) porque a capacidade de repasse de preços ao consumidor parece limitada.

A Heineken, por exemplo, segundo os analistas, demorou a implementar reajustes no fim de 2024, o que indica um ambiente mais competitivo e um poder de compra do consumidor potencialmente pressionado pela inflação de alimentos.

O Itaú BBA apontou que a Ambev historicamente é vista como um ativo defensivo em momentos de incerteza macroeconômica, devido à sua posição de liderança no Brasil, baixa volatilidade da demanda e geração de caixa consistente.

A recuperação do consumo na Argentina e o desempenho positivo das operações na Canadá e na região CAC (Caribe e América Central) também foram fatores que contribuíram para a revisão positiva das estimativas de Ebitda para este ano.

Porém, o banco alerta que a valorização recente das ações não parece totalmente justificada apenas por uma revisão das projeções de lucro por ação (EPS), que foi revisada em aproximadamente 5% para cima. A Ambev está sendo negociada a um múltiplo Preço/Lucro (P/L) em torno de 13x para este ano, o que é atrativo em relação à sua média histórica, mas o banco manteve sua recomendação neutra para o papel.

A justificativa da recomendação neutra para a Ambev, segundo o Itaú BBA, está na incerteza sobre a sustentabilidade do recente rali das ações. O banco diz que fatores não operacionais, como expectativas de dividendos e o desempenho da empresa em relação ao Ibovespa, já impulsionaram o papel no passado, mas sem uma correlação clara com o momento atual. Além disso, a concorrência no setor de cervejas segue intensa, o que pode pressionar margens e limitar ganhos. Diante desse cenário, o Itaú vê potencial para volatilidade no curto prazo, reforçando a recomendação neutra.

“Analisando o desempenho histórico da Ambev desde 2015, observamos que uma valorização tão expressiva em relação ao índice Ibovespa ocorreu principalmente quando um forte desempenho operacional impulsionou uma revisão positiva – e de alta qualidade – dos lucros ao longo do mercado. Essas ocasiões geralmente incluíram uma perspectiva mais saudável para os volumes no segmento de cervejas no Brasil”, dizem os analistas.

A XP Investimentos também avaliou os resultados da Ambev e alertou para dados fracos na produção de bebidas alcoólicas em janeiro, com uma queda de 4% na comparação anual. Isso pode indicar uma perda de ritmo no setor após uma desaceleração já observada em dezembro. A XP incorporou esses dados ao seu modelo e estima que a indústria deve permanecer estável neste ano, sem grandes expansões de mercado.

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