Gastos militares impulsionam ações de defesa e Embraer amplia presença na Europa

A expectativa de aumento nos gastos militares em diversas partes do mundo tem impulsionado as ações de empresas do setor de defesa, incluindo a Embraer (EMBR3).

Segundo relatório da XP Investimentos, os papéis dessas companhias registram forte valorização diante da ampliação dos investimentos em segurança nacional, especialmente na Europa. O índice Stoxx Europe Aerospace & Defense acumula alta de 40% no ano, com empresas como BAE Systems, Leonardo e Thales entre os destaques.

A decisão de governos europeus de reforçar suas capacidades militares ganhou força após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizar uma possível suspensão de recursos destinados à Ucrânia.

Diante dessa mudança, países como República Tcheca já anunciaram planos para elevar os gastos em defesa para 3% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2030, acima da média de 2% observada nos últimos anos.

Nesse contexto, a Embraer tem se beneficiado do interesse por suas aeronaves militares. O cargueiro KC-390, que já foi adquirido por Portugal na configuração da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), também foi escolhido por Áustria, República Tcheca e Holanda, ampliando sua presença no mercado europeu. Segundo os analistas, essa aceitação reforça o posicionamento da empresa para novos contratos.

A fabricante brasileira também assinou um Memorando de Entendimento com a Polônia para avaliar a instalação de uma linha de montagem do KC-390 no país.

A iniciativa pode fortalecer a indústria local e ampliar a presença da Embraer no continente. No segmento comercial, a empresa segue em negociações com a companhia aérea LOT Polish para uma possível compra de jatos da família E2.

O relatório da XP Investimentos ainda aponta crescimento nas vendas de ônibus no Brasil em fevereiro, com alta de 38% em relação ao mesmo mês do ano anterior e de 8% sobre janeiro, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

As exportações de geração, transmissão e distribuição de energia (GTD) mostraram melhora na comparação mensal, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), mas seguem abaixo dos volumes observados em outros períodos.

Já o primeiro leilão de sistemas de armazenamento de energia por baterias está previsto para o segundo semestre de 2025, o que pode estimular investimentos no setor.

Nos Estados Unidos, Trump concedeu às montadoras uma suspensão temporária das tarifas de importação de veículos fabricados no México e no Canadá, medida que pode influenciar as operações de empresas do setor automotivo.

No Brasil, a XP chama atenção para a negociação da Randoncorp (RAPT4), excluindo Frasle (FRAS3), com múltiplo preço/lucro projetado para este ano de -3,8 vezes (x), enquanto a Embraer opera com um prêmio de 38% em relação à sua média histórica de valor total da empresa (EV) com o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).

Plano ReArm Europe

A Embraer pode ter um volume maior de pedidos nos próximos anos com a aprovação do plano “ReArm Europe” pela União Europeia, que destinará 800 bilhões de euros (R$ 5 trilhões) para defesa.

O Bradesco BBI avalia que esse aumento nos investimentos militares pode gerar mais de 50 encomendas do cargueiro C-390 por países europeus da Otan, que buscam substituir modelos como o C-130.

Caso isso se concretize, a empresa poderia manter um ritmo de entrega de 10 aeronaves por ano até 2030, elevando sua carteira de pedidos em US$ 11 bilhões, o que impactaria positivamente o valor de suas ações.

Outro ponto de atenção é a evolução da EVE, subsidiária da Embraer voltada para mobilidade aérea urbana. O Bradesco BBI projeta avanços importantes no processo de certificação dos eVTOLs (aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical) ainda neste ano, permitindo a entrada em operação até 2027. Diante dessas perspectivas, o banco manteve a recomendação de compra para os papéis da companhia e revisou seu preço-alvo para 2025, elevando de R$ 66 para R$ 90.

Nos Estados Unidos, a Força Aérea (Usaf) está finalizando a análise dos requisitos para sua nova aeronave tanque no programa Next-Generation Air-Refuelling System (NGAS). O Santander acredita que, caso a Usaf opte por não desenvolver um modelo furtivo do zero, o Millennium da Embraer pode se tornar uma alternativa viável para substituir parte da frota existente.

Se essa possibilidade se confirmar, a empresa poderia atender a um mercado de até 91 unidades, ampliando sua carteira de pedidos em cerca de 41%. O banco manteve recomendação de compra para as ações e definiu um preço-alvo de US$ 59 por recibo de ações negociado nos EUA (ADR).

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