Juros futuros ganham força à tarde e fecham com leves ganhos apesar do dólar fraco

A curva a termo brasileira encerrou a sexta-feira com leves altas nos vértices, em meio a um movimento técnico de “compra de taxa” por parte de agentes durante a tarde, após o recuo firme visto pela manhã e na véspera, em uma sessão marcada ainda pela baixa forte do dólar ante o real e pelo avanço dos rendimentos dos Treasuries.

No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 — um dos mais líquidos no curto prazo — estava em 14,74%, ante o ajuste de 14,722% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,55%, em alta de 5 pontos-base ante o ajuste de 14,497%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,59%, ante 14,571% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,61%, ante 14,497%.

Na primeira metade do dia as taxas se sustentaram no território negativo, dando continuidade ao movimento da véspera — quando houve demanda de estrangeiros e locais pela renda fixa brasileira — e refletindo a divulgação de dados favoráveis sob o ponto de vista inflacionário no Brasil.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou mais cedo que as vendas no varejo caíram 0,1% em janeiro sobre o mês anterior, em resultado um pouco melhor do que a expectativa em pesquisa da Reuters, de retração de 0,2%. Porém, foi o terceiro mês de retração do varejo, o que para alguns analistas reforça a visão de que a economia está desacelerando.

Já o Banco Central informou que o setor público brasileiro teve superávit primário de R$104,096 bilhões em janeiro, acima do saldo positivo projetado de R$102,135 bilhões. Com isso, a dívida bruta do governo central caiu para 75,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em janeiro, ante 76,1% em dezembro.

Estes dois fatores — o varejo e o primário — favoreciam a queda das taxas futuras, assim como a forte queda do dólar ante o real, superior a 1%. Às 13h10, a taxa do DI para janeiro de 2027 atingiu a mínima de 14,45%, em baixa de 5 pontos-base ante o ajuste da véspera.

Durante a tarde, no entanto, as taxas recuperaram força no Brasil e migraram para o território positivo. Profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que aparentemente alguns agentes aproveitaram os níveis mais baixos para “comprar taxa” e realizar lucros.

“Como a curva vem fechando nas últimas semanas, e hoje é sexta-feira, pode estar havendo uma realização na parte da tarde, com investidores não querendo ficar posicionados no fim de semana”, pontuou Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos. “Os rendimentos dos Treasuries também estão subindo um pouco mais, o que ajuda.”

Operador ouvido pela Reuters destacou à tarde a entrada de investidores na ponta de compra quando as taxas estavam em níveis mais baixos.

Neste cenário, a taxa do DI para janeiro de 2027 marcou a máxima de 14,58% às 15h18, em alta de 8 pontos-base ante o ajuste anterior.

No fim da tarde os yields dos Treasuries seguiam em alta, com investidores vendendo títulos e buscando ativos de maior risco, como ações e moedas de países emergentes. Às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 4 pontos-base, a 4,312%.

Na próxima semana as atenções dos investidores se voltam para as decisões sobre juros dos EUA e do Brasil, ambas na quarta-feira, dia 19.

Perto do fechamento desta sexta a curva brasileira precificava 98% de probabilidade de alta de 100 pontos-base da Selic na semana que vem. Atualmente a Selic está em 13,25% ao ano.

Mais do que a decisão em si, os agentes estarão atentos às pistas do BC para a reunião seguinte de política monetária, em maio.

Na quinta-feira o mercado de opções de Copom da B3 precificava 57,00% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em maio, 15,50% de chances de elevação de 25 pontos-base, 15,00% de probabilidade de manutenção, 8,00% de chances de alta de 75 pontos-base e apenas 4,00% de chances de nova alta de 100 pontos-base.

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