VÍDEO – Sarney lembra resistência às vésperas de sua posse: “Intervenção militar”

O ex-presidente José Sarney durante entrevista ao programa Em Pauta, da GloboNews, na sexta-feira (14). Foto: Reprodução

O ex-presidente José Sarney relembrou, em entrevista ao programa Em Pauta, da GloboNews, momentos de tensão e resistência militar à sua posse como presidente interino da República, há 40 anos.

Na conversa, concedida na última sexta-feira (14), ele destacou como parte dos militares tentou impedir sua ascensão ao cargo após a internação de Tancredo Neves, eleito presidente, mas impossibilitado de assumir devido a complicações de saúde.

Sarney recordou os instantes que antecederam o dia 15 de março de 1985, quando, aos 54 anos, tomou posse como vice de Tancredo. O político mineiro havia sido eleito de forma indireta, mas foi hospitalizado após uma cirurgia abdominal, o que impediu sua posse. A transição marcou um dos momentos mais emblemáticos da redemocratização do Brasil, encerrando 21 anos de ditadura militar.

O ex-presidente afirmou que a notícia de sua posse chegou na madrugada do dia 15, com a previsão de que permaneceria no cargo até a recuperação de Tancredo – que faleceu 39 dias depois. No entanto, a indefinição sobre o estado de saúde do presidente eleito gerou divisões entre os militares, e parte deles resistiu à posse de Sarney.

“Os militares estavam divididos. A metade, ou talvez mais ainda, achava que eu não devia assumir, porque o João Figueiredo [último presidente militar] não compreendera por que eu tinha me afastado dele. Mas, na realidade, foi ele que não aceitou as coisas que nós estávamos propondo: fazer uma eleição democrática, uma democracia interna, dentro do partido, para escolher o candidato à Presidência da República”, disse Sarney.

Segundo o ex-presidente, o então ministro do Exército, Walter Pires, tentou articular a não aceitação de sua posse e buscou apoio nos comandos militares para interromper a transição democrática. A intenção, de acordo com Sarney, era “destituir” o processo de sucessão.

“Era uma intervenção militar que ele [Walter Pires] partiu para fazer. E o Leitão de Abreu disse a ele que ele não era mais ministro, que tinha sido. Usou de um artifício, disse a ele que o Diário Oficial naquele dia tinha publicado a demissão dele por um equívoco. Evidentemente, o doutor Leitão não podia divergir do João Figueiredo, mas ele sabia, como constitucionalista, que, na realidade, a fórmula constitucional era a minha assunção à Presidência da República”, relembrou Sarney.

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