Localiza (RENT3): analistas têm recomendação de compra, mas quais riscos para ação?

A Localiza (RENT3) continua sendo um dos principais nomes no setor de locação de veículos no Brasil, atraindo a atenção de investidores em meio a um contexto de incertezas econômicas e mudanças estruturais no mercado automotivo.

Casas de análise, como XP Investimentos, JPMorgan e BTG Pactual, com recomendação de compra ou equivalente, atualizaram recentemente suas projeções para a empresa, abordando as perspectivas de crescimento, riscos e prováveis dificuldades para os negócios da empresa este ano.

A XP Investimentos mantém a Localiza como sua preferida no setor, mas alerta para possíveis revisões de lucro, o que impede uma recomendação de compra neste momento.

A corretora diz que as projeções da empresa estão abaixo do consenso do mercado e que o atual ciclo econômico, marcado por atividade mais fraca e mudanças nos preços dos veículos, pode afetar os resultados da companhia.

Já o JPMorgan reafirmou sua recomendação overweight (desempenho superior ao do seu índice de referência) para a ação, com um preço-alvo de R$ 57 para dezembro deste ano, levemente reduzido em relação à projeção anterior de R$ 58.

O banco afirma que a Localiza continua entregando retornos elevados, com um spread de 4,0 pontos percentuais no retorno sobre o capital investido (Roic) em relação ao custo da dívida pós-impostos.

Os analistas do banco também apontam que o balanço da companhia segue mais leve do que o de seus concorrentes, mas chamam atenção para as taxas de depreciação, que continuam pressionadas, e para os impactos das taxas de juros elevadas no Brasil.

Segundo o JPMorgan, espera-se que a Selic atinja um pico de 15,25% no segundo trimestre deste ano, o que pode afetar tanto o custo de capital quanto a demanda por aluguel de veículos, dificultando uma reprecificação positiva das ações no curto prazo.

O banco também atualizou suas estimativas para a empresa, projetando um lucro líquido de R$ 3,446 bilhões para 2025, um crescimento de 1% em relação ao consenso do mercado. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) projetado é de R$ 14,162 bilhões, uma leve queda de 1,5% em relação às projeções da Bloomberg.

A expectativa dos estrategistas é de que a Localiza consiga continuar elevando os preços de aluguel nos segmentos de Rent-a-Car (RAC) e Gestão de Frotas (GTF), com margens de Ebitda médias de 65,4% e 71,1%, respectivamente.

Um dos principais pontos levantados pelo JPMorgan é a valorização das ações, que atualmente estão sendo negociadas a 10,4 vezes o preço sobre lucro (P/E) estimado para 2025, no limite inferior da faixa histórica de 10 a 30 vezes.

O banco vê o papel com uma boa relação entre valor de empresa e frota (EV/Fleet) e entre preço e valor patrimonial (P/NAV), mas pondera que uma melhora na percepção do mercado depende de uma evolução positiva no cenário macroeconômico.

O BTG Pactual também mantém recomendação de compra para a Localiza, com preço-alvo de R$ 52. O banco observa que investidores, especialmente estrangeiros, têm demonstrado dúvidas sobre o desempenho das ações da empresa, diante de um fluxo intenso de notícias sobre preços de carros, taxas de juros e a entrada de montadoras chinesas no mercado brasileiro. O BTG avalia que o desempenho da Localiza pode ser explicado pela combinação de revisões de lucro e pela reprecificação dos múltiplos.

O banco também aponta que a indústria automotiva brasileira passa por transformações relevantes, com a eletrificação de veículos ainda avançando em ritmo lento devido a limitações na infraestrutura, altos impostos e custos de importação.

Durante uma reunião com o presidente da JAC Motors no Brasil, Sergio Habib, o BTG disse que discutiu o impacto dessas mudanças e o potencial da eletrificação do transporte público no país. A análise sugere que os preços dos veículos no Brasil tendem a ser elevados em comparação com outros países, mesmo possuindo uma indústria local, devido à carga tributária incidente sobre as vendas.

Entre os principais riscos para a Localiza, as casas de análise destacam o aumento da concorrência, a volatilidade das taxas de juros e os custos com aquisição de novos veículos. O JPMorgan menciona que um novo concorrente estrangeiro ou uma mudança na estratégia de players locais pode afetar o crescimento da empresa.

Além disso, taxas de juros elevadas impactam o custo de financiamento da frota e a acessibilidade dos consumidores ao crédito, fatores que podem pressionar os resultados. Outro ponto de atenção, segundo os analistas, é a valorização dos carros novos, que influencia diretamente a depreciação da frota e, consequentemente, a rentabilidade da empresa.

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