Reação ao Copom e Fed, decisão de juros do BoE, falas de Haddad e mais

Os mercados continuam repercutindo, nesta quinta-feira (20), as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, e do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciadas na véspera.

O Copom aumentou a Selic para 14,25% ao ano, um nível que não era visto desde o governo de Dilma Rousseff, sinalizando mais altas para a próxima reunião, em maio. A decisão foi motivada pela necessidade de controlar a inflação e enfrentar o ambiente econômico incerto. Especialistas dizem que a postura agressiva do BC brasileiro reflete um esforço para conter a pressão inflacionária e garantir que a economia não siga um caminho descontrolado.

Por outro lado, o Fed optou por manter sua taxa de juros entre 4,25% e 4,5%, observando as condições econômicas internas e a política fiscal adotada pelo governo de Donald Trump. As expectativas de mais ajustes permanecem para junho, mas o mercado segue cauteloso, atento às incertezas políticas e econômicas que podem afetar o ritmo de crescimento nos EUA.

Hoje, a agenda econômica do Brasil está esvaziada. Nos Estados Unidos, os números de auxílio-desemprego e as exportações de grãos serão divulgados às 9h30.

O que vai mexer com o mercado nesta quinta

Agenda

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concede entrevista ao programa “Bom dia, Ministro” (EBC), a partir das 8h. Às 16h30, Haddad dá entrevista ao vivo para a GloboNews.

Às 17h30, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, tem reunião com Senador Rogério Carvalho (PT/SE), no Edifício-Sede do Banco Central, em Brasília, para tratar de assuntos legislativos. (fechado à imprensa)

EUA

9h30 – Auxílio-desemprego (semanal)

9h30 – Exportação de grãos (semanal)

11h – Moradias usadas (fevereiro)

Zona do Euro

6h – Relatório Mensal do BCE
7h – Cúpula de Líderes da UE

Reino Unido

9h – Decisão de juros

Internacional

Dia da Libertação

A administração do governo de Donald Trump prepara novas tarifas sobre a maioria das importações a partir de 2 de abril, data chamada de “Dia da Libertação” pelo presidente, intensificando a guerra comercial global. Já foram aplicadas tarifas sobre US$ 800 bilhões em bens, afetando mercados e elevando riscos de recessão nos EUA. O plano, chamado de tarifas recíprocas, visa igualar taxas de importação entre países, mas enfrenta desafios logísticos e resistência política. Economistas temem que a tarifa média dos EUA suba para 20%, impactando consumidores e investidores. Wall Street já sente os efeitos, com quedas no S&P 500 e Nasdaq. A administração considera critérios como manipulação cambial e barreiras não tarifárias para definir as novas taxas. A incerteza econômica cresce à medida que o prazo de 2 de abril se aproxima.

Cessar-fogo

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a interrupção dos ataques à infraestrutura de energia na guerra com a Rússia poderia ocorrer rapidamente. Ele garantiu que a Ucrânia reagiria caso Moscou violasse um eventual cessar-fogo. Zelensky também revelou ter tido sua conversa “mais substancial” com Donald Trump, destacando que não se sentiu pressionado. Esse foi o primeiro contato entre eles desde a tensa reunião no Salão Oval no mês passado.

Território

O presidente russo, Vladimir Putin, quer que Donald Trump reconheça as quatro regiões ucranianas reivindicadas por Moscou, além da Crimeia, informou o jornal russo Kommersant. Segundo fontes, Putin sugeriu que, em troca desse reconhecimento, se comprometeria a não reivindicar Odessa e outros territórios. O Kremlin não confirmou a proposta, mas afirmou que Putin discutiu o conflito na Ucrânia em uma reunião privada com empresários russos.

Encolhida

A economia da Argentina encolheu 1,7% em 2024, mas cresceu pelo segundo trimestre consecutivo no final do ano, segundo dados oficiais. O PIB avançou 1,4% no quarto trimestre, em termos ajustados, e 2,1% na comparação anual, superando a projeção de 1,7%. Apesar da desaceleração industrial e das medidas de austeridade de Javier Milei, a economia mostrou sinais de recuperação. A inflação caiu para 66,9%, mas os argentinos enfrentam altos custos de vida e cortes em serviços públicos.

FMI

A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou um decreto que autoriza Javier Milei a fechar um novo acordo com o FMI, apesar de protestos em Buenos Aires. O decreto passou com 129 votos a favor e 108 contra, permitindo negociações para aliviar a dívida de US$ 44 bilhões. O governo usou um decreto para contornar o Senado, já que está em minoria no Congresso. Oposição critica falta de detalhes, mas apoia por necessidade econômica. Manifestantes protestaram contra medidas de Milei, com tensão crescente nas ruas. Enquanto isso, o mercado reagiu positivamente, com alta de 4,52% no S&P Merval.

Economia

Acima de 3%

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou que o Brasil vai crescer acima de 3% em 2025, contra a projeção de “especialistas”. Segundo ele, o País vai melhorar porque será oferecido muito crédito para pequeno e médio empreendedor e o salário mínimo continuará crescendo acima da inflação.

Decisão esperada

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a decisão do Copom elevar a Selic para 14,25% já era esperada, e o BC indicou um possível ajuste menor na próxima reunião, dependendo da evolução da inflação. A Selic atinge seu maior nível desde 2016, quando permaneceu em 14,25% durante a crise econômica e o impeachment de Dilma Rousseff. O BC justificou a decisão pela persistência do cenário adverso para a convergência da inflação e a elevada incerteza econômica.

Inflação

O Ministério da Fazenda elevou suas projeções para a inflação em 2025 e 2026, mantendo as previsões de crescimento do PIB. O IPCA deve encerrar 2025 em 4,9%, acima dos 4,8% projetados anteriormente, enquanto para 2026 a expectativa passou de 3,4% para 3,5%. O governo atribui a revisão a pequenas mudanças no cenário econômico e prevê desaceleração nos preços dos alimentos. A Fazenda também manteve sua estimativa de crescimento do PIB em 2,3% para 2025 e 2,5% para 2026. O Copom deve anunciar um aumento da Selic para 14,25% ao ano.

Orçamento

O Congresso Nacional realiza nesta quinta-feira (20) uma sessão semipresencial a partir das 15h para votar a proposta orçamentária para 2025 (PLN 26/2024).

A votação na Comissão Mista de Orçamento (CMO), que seria na sexta-feira (21), será antecipada também para esta quinta-feira, após a leitura do relatório final do senador Angelo Coronel (PSD-BA). Depois da votação na CMO, a proposta poderá ser votada pelo Congresso. 

Tarifas

O governo brasileiro, em colaboração com o setor privado, busca reverter as sobretaxas de 25% impostas pelos Estados Unidos sobre as exportações de aço e alumínio do Brasil. O presidente Lula afirmou que as tarifas prejudicam ambos os países, uma vez que há uma relação de dependência mútua entre as indústrias. Desde o início de março, o Brasil iniciou negociações com os EUA, incluindo reuniões entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e autoridades norte-americanas. Apesar de pedidos para adiar a aplicação das tarifas, o Brasil não foi atendido. O governo brasileiro estuda recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) caso as negociações não avancem.

Déficit

Os analistas de mercado consultados pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda projetam que o governo terá um déficit primário de R$ 75,088 bilhões em 2025, uma melhora em relação à previsão anterior, que estimava um rombo de R$ 80 bilhões. A meta fiscal para 2025 foi ajustada para um resultado neutro, de 0% do PIB, em vez de superávit. A estimativa para 2026 também apresenta uma melhoria, com um déficit projetado de R$ 79,468 bilhões, contra R$ 83,3 bilhões em fevereiro. O governo espera alcançar superávit fiscal em 2026, com um resultado de 0,25% do PIB. A projeção de receita para 2025 foi mantida em R$ 2,849 trilhões, com pequenas variações nas despesas e na Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), que deve alcançar 80,73% do PIB em 2025.

Política

PEC da Segurança

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a proposta de emenda à constituição (PEC) que visa mudanças na legislação de segurança pública, buscando fortalecer a luta contra o crime organizado e evitar ações de grupos criminosos, como aqueles que roubam celulares nas ruas. Lula criticou a política de ampliação do acesso a armas adotada pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) e elogiou o texto proposto pelo ministro Ricardo Lewandowski como alternativa para combater a violência.

PEC da Segurança 2

Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça, afirmou na quarta que o problema das prisões no Brasil está na forma como a polícia realiza as detenções, muitas vezes sem provas suficientes. Ele declarou que o Judiciário é forçado a liberar os presos devido a falhas na abordagem policial. Lewandowski também defendeu melhorias nos procedimentos de prisão, destacando que, quando feitos de forma técnica e com indícios concretos, os criminosos dificilmente seriam soltos. As declarações ocorreram durante a palestra sobre a PEC da Segurança Pública.

Comissões permanentes

A Câmara dos Deputados definiu 28 presidentes das comissões permanentes nesta quarta-feira, 19. Após negociações entre partidos, a Casa elegeu os parlamentares que vão comandar os colegiados. O PL será responsável pelo comando de cinco comissões na Câmara. O partido ocupará a presidência das comissões de Relações Exteriores, Saúde, Turismo, Segurança Pública e Agricultura. Já o União Brasil terá três comissões sob sua liderança, incluindo a Comissão de Constituição e Justiça. Além dela, a sigla também comandará Educação e Integração Nacional.

Já o PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ficará responsável pelas comissões de Finanças e Tributação, Cultura, Direitos Humanos e da Amazônia e dos Povos Originários.

Isenção de IR

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o governo enviou ao Congresso o projeto de lei que amplia a isenção do Imposto de Renda (IR) para rendimentos de até R$ 5 mil, com o objetivo de permitir tempo suficiente para análise e esclarecimentos. A proposta visa corrigir uma das maiores distorções econômicas do Brasil e será debatida no Congresso, onde o presidente da Câmara, Hugo Motta, já indicou possíveis alterações. Para compensar a perda de receitas, o governo propôs a criação de um imposto mínimo de até 10% para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês. Além disso, certos itens, como ganho de capital, herança e poupança, serão excluídos da base de cálculo do imposto mínimo.

Com uma condição

Eleito presidente da Comissão de Finanças e Tributação, o deputado Rogério Correia (PT-MG) não descarta discutir a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda, proposta pelo governo em R$ 5 mil. No entanto, ele condiciona o debate à revisão das renúncias fiscais e à indicação de fontes de receita para compensar o aumento. A proposta de revisar os incentivos tributários foi levantada por Hugo Motta (Republicanos-PB) e pode ser uma alternativa à taxação da alta renda.

Emendas

O Congresso Nacional aprovou, em uma votação rápida e fora da pauta, um projeto que desbloqueia R$ 4,6 bilhões em emendas parlamentares, beneficiando principalmente o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). O projeto foi articulado por Alcolumbre. A proposta visa reviver emendas canceladas de anos anteriores, principalmente de 2020 a 2022, que seriam devolvidas ao orçamento da União. O Amapá, estado de Alcolumbre, é o maior beneficiado, recebendo R$ 515 milhões, dos quais R$ 130 milhões são do próprio presidente do Senado. O projeto também inclui emendas de relator, que foram derrubadas pelo STF em 2022, e emendas de comissão, onde a identidade dos parlamentares responsáveis é mantida em anonimato.

Ultimato

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, o secretário da Receita Federal, a procuradora-geral da Fazenda e o presidente da Casa da Moeda enfrentam o risco de multas do Tribunal de Contas da União (TCU) caso não religuem imediatamente o Sicobe, o sistema de controle de produção de bebidas utilizado para determinar os tributos devidos pela indústria, segundo informações da Folha de S.Paulo.

Juízes aptos

O STF formou maioria contra os pedidos de afastamento dos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin do julgamento da trama golpista de 2022. As defesas de Bolsonaro, Braga Netto e Mario Fernandes argumentam parcialidade, mas a maioria dos ministros rejeitou as alegações. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, afirmou que os argumentos não têm fundamento legal.

Adiada

Após pedir licença do cargo e se mudar para os Estados Unidos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) revelou, em entrevista à CNN na quarta-feira (19), que está considerando deixar seu cargo de forma definitiva. Ele afirmou que só retornaria ao Brasil se o ministro Alexandre de Moraes não estivesse mais no Supremo Tribunal Federal (STF). Durante a conversa, Eduardo explicou que está abrindo mão de um salário significativo de deputado — cerca de R$ 46.366,19 mensais.

Institucionalidade

Um dia após Eduardo Bolsonaro pedir licença do cargo de deputado e ir para os Estados Unidos, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, destacou, em sessão plenária, que o Brasil conseguiu superar diversos ciclos de instabilidade política e atrasos, incluindo “sobressaltos recentes”, preservando a institucionalidade. Alexandre de Moraes também comentou sobre as crises enfrentadas nos últimos 40 anos de redemocratização, enfatizando que, apesar de frequentes crises, as soluções sempre foram institucionais, garantidas pela Constituição.

(Com Reuters e Estadão)

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