Minerva (BEEF3): prejuízo bilionário, mas ações saltam 8,4% — o que está por trás?

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Após a Minerva (BEEF3) divulgar seus resultados financeiros na quarta-feira (19), as ações da companhia registraram uma valorização expressiva de 8,41%, nesta quinta-feira (20), atingindo R$ 6,06, chegando a subir mais de 11% nas máximas do dia.

O balanço revelou um prejuízo líquido de R$ 1,57 bilhão no quarto trimestre de 2024 (4T24), revertendo o lucro de R$ 19,8 milhões registrado no mesmo período do ano anterior.

O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) consolidado alcançou R$ 943,7 milhões, um avanço de 55,8% na comparação anual, embora a margem Ebitda tenha caído um ponto percentual, para 8,8%.

A receita bruta consolidada atingiu R$ 11,4 bilhões, crescendo 76% ano contra ano e 27% em relação ao trimestre anterior.

O fluxo de caixa livre foi de R$ 990 milhões no trimestre, totalizando R$ 2,4 bilhões em 2024, com um free cash flow yield anualizado, uma métrica financeira que compara a geração de fluxo de caixa livre com o valor de mercado, de aproximadamente 85%.

O JPMorgan avaliou os resultados como neutros, destacando um Ebitda acima do esperado, impulsionado por uma receita líquida 7% maior do que a prevista. O crescimento das exportações para o Nafta, que passaram a representar 19% da receita bruta, foi apontado como um fator positivo, compensando parcialmente a redução nas vendas para a Ásia.

No entanto, o banco alertou para a alta alavancagem da empresa, que subiu para aproximadamente 5 vezes a relação dívida líquida/Ebitda, além do prejuízo líquido elevado, influenciado por uma variação cambial negativa de R$ 1,8 bilhão. A avaliação indicou uma reação neutra ou ligeiramente negativa para as ações. O JPMorgan mantém recomendação neutra para os papéis da Minerva, com preço-alvo de R$ 7.

O Itaú BBA também manteve uma visão neutra sobre a Minerva, ressaltando que o Ebitda veio 6% acima das estimativas, beneficiado por receitas superiores ao esperado. O banco apontou que os novos ativos frigoríficos adquiridos pela companhia já tiveram um impacto positivo, mas avaliou que ainda é cedo para medir seu potencial completo. A estrutura de capital e a integração desses ativos permanecem como pontos de atenção para os investidores.

A instituição observou que, apesar do aumento nos preços do gado no Brasil, a margem Ebitda foi melhor do que se temia. Mas os analistas afirmam que a cautela deve persistir até que haja maior clareza sobre a alavancagem da empresa e a evolução do ciclo do gado. O Itaú BBA definiu um preço-alvo de R$ 6,50 para a ação e manteve recomendação neutra.

O Goldman Sachs, por outro lado, destacou que os números operacionais da Minerva superaram o consenso de mercado, atribuindo o desempenho à forte geração de caixa e ao impacto positivo das novas plantas frigoríficas. O banco reforçou que a variação cambial foi o principal fator por trás do prejuízo contábil, mas que, do ponto de vista operacional, a empresa demonstrou um desempenho positivo.

Apesar disso, os analistas apontam que a relação entre o valor de mercado e o valor da empresa continua pressionada, o que pode limitar o potencial de valorização das ações no curto prazo. O Goldman Sachs reiterou recomendação de compra para os papéis, com preço-alvo de R$ 8.

Já a Genial Investimentos considerou os resultados da Minerva como positivos, especialmente pela geração de caixa e crescimento da receita. A corretora afirmou que os impactos da aquisição das novas plantas começam a se materializar, mas que o alto endividamento da companhia ainda preocupa.

O forte fluxo de caixa foi visto pelos analistas como um ponto de suporte para a empresa enfrentar os próximos trimestres, enquanto a oscilação dos preços do gado e o comportamento do mercado externo seguem como variáveis críticas para o desempenho futuro. A Genial mantém recomendação neutra e um preço-alvo de R$ 6,80.

Riscos e desafios

Segundo os analistas das quatro instituições, os principais riscos para a Minerva incluem a alta alavancagem financeira, que pode limitar a capacidade da empresa de realizar novos investimentos e aquisições no curto prazo.

Além disso, eles mencionam a volatilidade cambial como sendo um fator relevante, dado que a empresa tem uma parte significativa de sua receita atrelada ao mercado externo. O aumento nos preços do gado no Brasil também pode impactar negativamente as margens da companhia, pressionando sua rentabilidade.

Por fim, a capacidade de integração dos novos ativos frigoríficos será importante para sustentar o crescimento operacional e manter a geração de caixa da Minerva em níveis elevados.

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