Briga entre Malafaia e líder do Republicanos divide cúpula evangélica

O pastor Silas Malafaia. Foto: Ed Ferreira/Folhapress

A briga entre o pastor Silas Malafaia e o presidente do Republicanos, o deputado federal Marcos Pereira, abriu um racha no segmento evangélico.

Em um vídeo publicado nas redes sociais na quarta-feira (19), Malafaia chamou o parlamentar de “cretino” e “uma vergonha” para os evangélicos. As ofensas ocorreram após Pereira afirmar que não é a hora de congressistas analisarem o projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Malafaia organizou um ato em defesa da pauta em Copacabana, no Rio de Janeiro, no último domingo (16).

A declaração provocou reações de deputados e líderes evangélicos. Pereira rebateu o pastor, afirmando que Malafaia “exala e transpira ódio”, o que faz “com que ele deixe de refletir e se manifestar com inteligência”.

Segundo o parlamentar, o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo seria “uma espécie de Rasputin Tupiniquim” que “chega a espumar pela boca nas suas manifestações cheias de cólera”.

“Malafaia, que se julga um bom pastor, deveria cuidar das ovelhas ou então tornar-se um político de fato, disputar uma eleição e falar, de dentro do Parlamento, como parlamentar”, declarou Pereira.

O presidente do Republicanos, Marcos Pereira. Foto: Sérgio Lima/Poder360

O deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) saiu em defesa do líder do Republicanos. O parlamentar argumentou que a bancada do Republicanos é favorável à anistia e que Malafaia se “equivocou” ao interpretar a entrevista de Pereira.

Otoni de Paula (MDB-RJ), atualmente considerado uma ponte entre igrejas evangélicas e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou à Folha de S.Paulo ser legítimo “o direito de Malafaia fazer qualquer tipo de crítica, apesar de eu entender que seria muito melhor se ele viesse para o campo político, e aí começasse a dar as suas opiniões políticas”.

“O que eu critico é a forma deselegante e desrespeitosa como ele tratou o presidente Marcos Pereira, que é um político respeitado por todos em Brasília, independente do viés ideológico”, afirmou o deputado. “Tratá-lo de cretino é no mínimo uma falta de elegância, e uma postura que não se espera de um líder religioso”, acrescentou.

Nos bastidores evangélicos, prevalece a impressão de que Malafaia exagerou ao atacar Pereira. Ao mesmo tempo, há desconfiança em relação ao que muitos enxergam como uma aproximação do líder do Republicanos com o governo Lula.

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