Forças da inovação irão “disruptar” o sistema bancário tradicional, diz Campos Neto

Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (Reuters/Brendan McDermid)

O ex-presidente do Banco Central do Brasil Roberto Campos Neto acredita que as forças da inovação e da tecnologia estão prestes a transformar radicalmente o sistema bancário tradicional. “As forças que temos hoje, em termos de inovação, inevitavelmente irão ‘disruptar’ o sistema bancário tradicional como conhecemos hoje”, disse.

Campos Neto participou nesta sexta-feira (21) do evento Brazil: Macroeconomic Stability, Climate Change and Social Progress, na Universidade de Miami. O evento foi patrocinado pelo Private Bank da XP.

De acordo com o economista, cinco principais tendências devem moldar o futuro da indústria financeira, sendo a primeira delas o declínio dos bancos transacionais. Ele explicou que, historicamente, muitos bancos sobreviviam principalmente de transações bancárias, como pagamentos e transferências. No entanto, com o avanço dos pagamentos instantâneos e das fintechs, a parte transacional do negócio bancário tende a perder valor.

O segundo ponto é o crescimento dos bancos globais e cross-border. Segundo ele, os bancos se tornarão cada vez mais plataformas globais, capazes de realizar pagamentos transfronteiriços com maior facilidade e eficiência. Isso também contribuirá para a disrupção do modelo bancário tradicional.

O ex-presidente do BC também enfatizou a importância do open data (dados abertos) e do open finance (sistema financeiro aberto). Ele acredita que, embora alguns países estejam mais avançados nessa área, haverá uma pressão global para que instituições financeiras e governos adotem essas práticas.

“O open data reduz muito a assimetria de informação”, explicou. Isso permitirá que os consumidores tenham maior controle sobre seus dados financeiros e possam comparar produtos e serviços de diferentes instituições.

Outra tendência mencionada foi a programabilidade do dinheiro, conceito que envolve a criação de moedas digitais programáveis, como as CBDCs (moedas digitais de bancos centrais) e stablecoins (criptomoedas estáveis). Campos Neto destacou que alguns países já estão adotando essas tecnologias, enquanto outros estão desenvolvendo plataformas baseadas em criptomoedas como o Bitcoin (BTC). “A realidade é que vamos ter essa programabilidade de dinheiro de uma forma ou outra”, afirmou.

Por fim, Campos Neto disse que, no futuro, os consumidores não terão aplicativos separados para cada banco ou instituição financeira. Em vez disso, terão uma única plataforma integrada, onde poderão acessar todos os seus dados financeiros, comparar produtos e migrar informações entre diferentes instituições. “Você vai ser capaz de obter mais produtos financeiros a um preço mais barato”, disse.

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