“Cibercangaço” mira em provedores e prejudica serviço de internet no Nordeste

Pichação com a sigla “C.V.”, associada ao Comando Vermelho: facção é apontada como responsável por ameaçar provedores de internet e cobrar taxas para atuação em determinadas regiões do Nordeste – Foto: Reprodução

O crime organizado tem expandido sua atuação para o setor de telecomunicações, especialmente no serviço de internet por fibra óptica. No Ceará, ataques de facções como o Comando Vermelho resultaram em quedas de conexão em áreas estratégicas, como o Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Empresas precisaram operar manualmente após danos causados a provedores locais, afetando até multinacionais com atuação global.

Criminosos vêm exigindo pagamentos mensais de provedores para permitir que operem em determinadas regiões. Quem não aceita pagar sofre retaliações como destruição de caixas de fibra óptica, ameaças a funcionários e queima de equipamentos. A prática foi apelidada de “cibercangaço” e já se espalha por estados como Pará, Bahia e Rio de Janeiro.

A situação tem causado prejuízos milionários, redução de equipes e abandono de áreas inteiras por empresas que não conseguem mais prestar serviço com segurança. Pequenas operadoras relatam perda de clientes, ataques a lojas e necessidade de escolta policial para realizar reparos. Algumas empresas já encerraram as atividades após os ataques.

Além do impacto econômico, há preocupação com segurança de dados, já que facções podem interceptar informações de usuários. Em bairros da Grande Fortaleza, moradores ficaram semanas sem internet e relataram dependência de opções como conexão via satélite. A presença de apenas uma operadora em áreas dominadas levanta suspeitas de vínculo com o crime.

Autoridades estaduais realizam operações para tentar conter o avanço das facções. Desde o início dos ataques, mais de 27 pessoas foram presas no Ceará. No Pará, empresas relatam que parte da estrutura foi danificada ou roubada, e que 5% do faturamento é destinado a reparar prejuízos causados pelos criminosos. Na Bahia, empresários denunciam cobranças de até 60% da receita mensal das operadoras.

Grupo de criminosos ataca pontos de infraestrutura de empresas provedoras de internet no distrito de Pecém, Ceará – Foto: Reprodução

No Rio, o domínio de facções sobre o serviço de internet não é novidade. Empresas perdem território desde 2013 e relatam aumento no custo do serviço para os consumidores. Segundo o Ministério Público, grupos ligados ao tráfico estão controlando o setor, lavando dinheiro por meio de provedores e cobrando mensalidades com boletos, Pix e até recibos manuais.

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